Carreira – Dimitri Vieira https://dimitrivieira.com Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais Mon, 15 May 2023 01:14:20 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://dimitrivieira.com/wp-content/uploads/2022/05/cropped-Frame-9-1-80x80.png Carreira – Dimitri Vieira https://dimitrivieira.com 32 32 A paz de Contemplar o Caos para lidar com a sobrecarga de ideias e a Síndrome do “Vem aí” https://dimitrivieira.com/a-paz-de-contemplar-o-caos/ https://dimitrivieira.com/a-paz-de-contemplar-o-caos/#respond Mon, 15 May 2023 00:46:55 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=9173 “Você deve estar sofrendo”.

Foi o que escutei de uma amiga do RH nos tempos de CLT quando contei orgulhoso que meu perfil era Planejador, Executor e Analista — segundo um teste que não me lembro mais o nome.

Ironicamente, o único que não apareceu na época foi Comunicador.

Quando escutei isso dela, não ousei perguntar o motivo. Talvez por medo da resposta, talvez porque não éramos tão próximos assim também.

Simplesmente ri da mesma forma sem graça que teria rido de uma piada que já conhecia, para reagir de forma educada e transparecer menos que não sabia o que dizer.

Hoje, entendo bem o motivo.

Talvez, você nem tenha reparado, mas duas semanas atrás não tivemos nosso encontro semanal por aqui.

Tirei um tempinho para limpar a cabeça de projetos em aberto que cheguei a começar, mas não consegui dar sequência como gostaria.

Anotei todos numa lista e, somando itens e subitens, são 21 no total — além do meu trabalho hoje em dia.

Quando você trabalha com criatividade, ideias não costumam faltar. Difícil mesmo é filtrar e escolher em quais focar. Sem esse filtro, é como se estivéssemos operando com uma série de abas abertas no computador.

Se pular de uma para outra com muita frequência, você não evolui tão bem em nenhuma. Depois de um tempo, acaba se sobrecarregando e pode terminar numa tela azul chamada Burnout.

Sempre que saio para caminhar meus quase 7km em uma hora e não levo fones de ouvido, me lembro de um conto de ficção que faz parte de um desses projetos.

Nunca falha.

Como a ideia nasceu exatamente ali, às vezes tenho ideias para melhorar o conto e, outras vezes, apenas me lembro que ele continua encostado.

Quando a ideia de melhoria é boa, sempre anoto para não perder e me prometo que “depois de tal coisa, voltarei para finalizar”.

Alguns anos atrás, entendi que tenho o perfil de um inovador experimental: não trabalho tão rápido quanto gostaria, faço inúmeros rascunhos e tenho bastante dificuldade de alcançar minha própria satisfação.

Paul Cézanne, um dos mais importantes pintores impressionistas, também era assim. Ele até evitava assinar seus quadros para não admitir a si mesmo que havia terminado.

Por capricho do destino e meu, ainda não voltei.

Estamos sempre organizando as coisas e dizendo “depois de tal coisa, vai ficar mais fácil e vou me organizar melhor”.

O que aprendi é que não vai ficar muito mais fácil do que hoje. Especialmente se você convive com um Planejador, Executor, Analista e Comunicador na sua mente.

Depois dessa tal coisa, se tudo der certo, costuma aparecer outra para consumir seu tempo e energia.

Sempre planejamos para amanhã, mas os problemas costumam surgir hoje.

O discurso motivacional entraria para dizer que você precisa começar agora, feito é melhor que perfeito e blá blá blá.

Eu prefiro dizer que o ideal é não se enganar.

Dependendo do seu momento, não dá para tocar e fazer tudo o que você gostaria de fazer. Se você for como eu, que tem o hábito de empilhar ideias, é quase certo que nunca vai dar para fazer tudo o que gostaríamos.

Em vez de se prometer que vai começar depois de tal coisa, é melhor lembrar que não será tão mais fácil assim nesse momento.

Existe paz em aprender a contemplar o caos.

Certa vez, ouvi o Chuck Palahniuk dizer num podcast que um dos maiores inimigos de um escritor (ou criador) é não dar vazão às suas ideias. É como se o acúmulo de ideias não realizadas transformasse o gênio da lâmpada em demônio.

Esse pode ser apenas um nome mais assustador para a ansiedade de fazer acontecer.

O discurso motivacional também poderia entrar com tudo aqui, mas prefiro acreditar no charme de contemplar o caos.

Alguns anos atrás, era comum escutarmos que nunca tivemos acesso a tanta informação com tanta facilidade na história. Com a revolução da Inteligência Artificial que estamos vivendo, isso só se intensificou.

Se ter ideias nunca foi tão fácil, talvez, seguir com elas nunca tenha sido tão difícil.

Essa é a Síndrome do “Vem Aí”.

Anunciar projetos novos, hoje em dia, é ridiculamente fácil. Só que é mais fácil ainda cair no erro de escrever uma série de prefácios e nenhum livro.

Na era digital, o “vem aí” raramente é conjugado no passado.

Foi por isso que não tivemos nosso encontro duas semanas atrás.

Até ensaiei escrever esta edição e te enviar, mas não me senti à vontade para escrever um prefácio enquanto falava sobre isso.

Não seria honesto comigo, nem com você.

Então, dei uma olhada na lista dos 21 projetos e escolhi um para dar sequência: um manifesto, com vários artigos, sobre o que eu acredito quando o assunto é Escrita, Criação de Conteúdo, Marketing e Creator Economy.

A última edição que você recebeu na semana passada (Vale a pena apostar todas suas fichas em um “viral”?) faz parte desse manifesto.

Troquei o futuro pelo gerúndio no “vem aí”.

Tem pelo menos mais 4 ideias na minha lista de pautas e rascunhos que também serão parte desse projeto.

Enquanto contemplo o caos, não pretendo deixá-los como rascunho por muito mais tempo.

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Você pratica o que diz? (ou “por que comecei a fazer terapia”) https://dimitrivieira.com/voce-pratica-o-que-diz-ou-por-que-comecei-a-fazer-terapia/ https://dimitrivieira.com/voce-pratica-o-que-diz-ou-por-que-comecei-a-fazer-terapia/#respond Wed, 15 Feb 2023 12:31:00 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=9087 Alguns textos atrás (O ano que escolhi ser fraco), comentei que havia começado a fazer terapia e recebi algumas mensagens no inbox me dando as boas-vindas ao mundo da terapia.

Então, hoje, decidi explicar por que decidi entrar pra esse mundo

Você já ouviu falar na Síndrome do Estudante?

É uma espécie de procrastinação planejada — um nome elegante para dizer que estudantes costumam enrolar o máximo possível para fazer as tarefas em cima da hora.

Mas não se engane, a edição de hoje não é sobre produtividade.

É sobre falar, falar, falar… e não fazer.

Nos tempos de faculdade, era clássico. Após semanas dizendo precisarmos fazer algum trabalho, começávamos na véspera.

Até dar muito errado. Então, antecipávamos uma semana.

Até, mais uma vez, a conta não fechar, precisarmos recalcular a rota outra vez para o processo se repetir.

Falar sem praticar era uma forma de adiar o que realmente deveríamos fazer.

Então, corta para o começo de 2021

— e acredito que não precisamos de muito contexto sobre o ano de 2020, precisamos?

Logo depois de pedir demissão do trabalho CLT, meu primeiro grande projeto foi produzir todo o curso de LinkedIn para Marcas Pessoais.

Passei dias num quarto escuro, somente com os equipamentos de iluminação e gravação — sempre após o horário útil, porque todos os vizinhos pareciam estar sempre em obras no novo normal.

Não sei se você já passou pela experiência de planejar uma gravação para que você mesmo pudesse editá-la depois. Com o tempo e a prática, você ganha uma sensibilidade extra para barulhos que podem atrapalhar o vídeo, falas que não se encaixam tão bem e até da sua postura enquanto grava.

Quando você é produtor, editor e professor, você entra num estado de alerta incomum para outras profissões relacionadas à criação de conteúdo que não envolvam arriscar sua vida.

Enquanto você conduz a aula passando por cada tópico que pensou, um papel rasgado chama sua atenção e, naquele momento, você sabe que precisa regravar ou aquele barulho vai participar da aula.

Repita esse mesmo processo algumas vezes trocando o rasgar do papel por um cachorro latindo.

Depois pelo barulho de uma furadeira — fora do horário útil.

E não se engane, não estou reclamando de nada disso.

Ao final de uma sessão de gravações, termino completamente exausto, mas é aquele tipo de exaustão que você se orgulha e dá vontade de repetir a dose.

Boa parte do meu horário livre no início de 2021 foi assim e, colocando na conta todo o período de isolamento anterior, sabia que toda aquela pressão que eu colocava sobre mim tinha seu preço.

Essas sessões de gravação são apenas um exemplo de um lugar onde estive várias vezes.

Muito se glamoriza o trabalho autônomo, mas, quando você trabalha sozinho, além dos louros serem todos seus, os perrengues e dores de cabeça também não costumam ter com quem dividir.

Com toda sobrecarga somada aos fatores externos que eu não tinha controle algum, sabia que fazia sentido procurar ajuda para externalizar tudo aquilo de alguma forma e cheguei a dizer pra mim mesmo:

Após toda a produção do curso, começaria terapia.

E adivinha?

Curso lançado, as coisas fluíram bem e, logo, estava de volta ao modo sem tempo, irmão para terapia.

Síndrome do estudante de novo.

Agora, podemos pular para setembro de 2022

Havíamos acabado de fechar uma parceria com uma empresa especializada em saúde emocional, bem-estar corporativo e sessões de terapia online.

Se ficou estranho que falei no plural do nada, é porque me refiro a um trabalho da Gombo e, logo, me deparei com a seguinte situação. E se não mencionei o nome da marca, é porque esta edição da Escreva sua Marca não é patrocinada.

Basicamente, precisava fazer um post no feed do LinkedIn discutindo sobre a importância de cuidar da saúde mental e alertar o pessoal para… fazer terapia.

Ensaiei uma versão inicial bem direcionada para criadores de conteúdo que trabalham isolados e precisam dar uma atenção especial para isso.

Era o caminho que fazia mais sentido e, inclusive, o caminho que eu deveria trilhar.

Só que aquele texto simplesmente não saía. Ficou engasgado e precisei buscar uma alternativa.

Apontar o dedo para as empresas foi a saída mais fácil.

Você culpa o universo corporativo pelos problemas de saúde mental, algumas (ou muitas) pessoas com cicatrizes profissionais se manifestam e tá tudo certo.

Post feito, entrega concluída e o texto engasgado me lembrou que, um ano e meio atrás, eu estava combinando comigo mesmo que começaria a terapia.

Dessa vez, não teve mais Síndrome do Estudante.

Em setembro do ano passado, não poderia falar para criadores de conteúdo darem uma atenção especial para sua saúde mental, porque eu mesmo negligenciava isso.

Hoje, não precisaria mais apontar dedo para empresa alguma.

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O ChatGPT é uma ameaça para escritores e redatores? https://dimitrivieira.com/chatgpt-para-escritores-e-redatores/ https://dimitrivieira.com/chatgpt-para-escritores-e-redatores/#respond Wed, 08 Feb 2023 14:01:46 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=8993 Estamos chegando em um ponto que, em breve, os textos podem passar a vir com um disclaimer assim: este texto não foi escrito por uma Inteligência Artificial.

Mas será que poderia ser?

Desde que o ChatGPT estourou, ele é um dos temas mais falados.

Se você não acompanhou nenhuma discussão sobre ele ainda, é uma espécie de chat da UOL — agora, entreguei minha idade — com uma base de dados gigantesca, que responde suas perguntas e seus comandos via texto.

Basicamente, ele gera textos a partir de conversas, responde perguntas e realiza tarefas como traduções e resumo de textos, com base em dados da internet e sua capacitação.

Foi ele, inclusive, quem escreveu boa parte da descrição do que ele faz a partir do comando “Escreva de forma bem resumida o que é o ChatGPT” — tirando a parte do chat da UOL.

Com o comando certo, é assustador o que ele consegue entregar.

Uma das melhores provas que vi foi esse vídeo do Ryan Reynolds, que pediu para o ChatGPT escrever um anúncio para a Mint Mobile adaptado para ser lido na sua voz.

E para responder logo de cara a pergunta sensacionalista que levantei no título:

O ChatGPT é uma ameaça para escritores e redatores?

Esta imagem foi criada por I.A., via DALL·E 2

A resposta não foge tanto do discurso repetido desde a revolução industrial, quando processos manuais e repetitivos começaram a ser automatizados.

A novidade sempre esteve na atualização do que seria manual.

Escrever 10 sugestões de títulos para um texto, por exemplo, não pareceria uma tarefa mecânica e que podemos terceirizar para um robô alguns anos atrás.

Agora, é uma realidade. Posso copiar todo esse texto após terminá-lo e pedir para o ChatGPT sugerir variações de títulos (inclusive, fiz questão de fazer isso para testarmos juntos e você verá as sugestões mais abaixo).

Posso ainda pedir para ele sugerir uma estrutura do texto e, a partir da estrutura, dar o comando para a ferramenta desenvolver cada um dos tópicos.

E não demora para ter o texto completo.

Então, esse é um raro caso que uma pergunta sensacionalista de um título não é respondida com um definitivo “não”. Alguns escritores e redatores podem, sim, ser substituídos pelo ChatGPT.

Escritores e redatores sintéticos?

Algumas etapas, processos e métodos de escrita já podem ser automatizados: quanto mais seus textos forem baseados em fórmulas e templates, mais rápido uma I.A. pode te substitur.

Não estou dizendo que vai acontecer de imediato, mas que pode acontecer e me arrisco a dizer que não vai demorar tanto tempo assim, porque o ChatGPT ainda está em versão Beta.

Se ele já entrega um texto completo hoje com algumas falhas, não vai demorar tanto para essas falhas diminuírem e, quem sabe, sumirem.

Até porque, agora, todos nós estamos que testamos a ferramenta acabamos treinando a Inteligência Artificial por trás do ChatGPT.

Esta imagem foi criada por I.A., via DALL·E 2

Então, um caso que vejo como bem delicado é o do redator que escreve textos otimizados para o Google sem domínio da parte estratégica.

Boa parte do seu trabalho é pesquisar um termo específico, estudar bastante os principais resultados que aparecem, elaborar uma pauta e escrever um texto que responda aquela dúvida.

Acontece algo parecido com o copywriter que apela demais para fórmulas e gatilhos. E com o contador de histórias que segue uma única fórmula, como a Jornada do Herói.

É justamente na hora de seguir fórmulas que a IA pode superar um redator, um escritor ou um criador de conteúdo.

E com o ChatGPT assumindo esses de textos, caímos em um novo problema.

Textos sintéticos e artificiais?

Se a criatividade da I.A. é baseada num banco de dados, ela somente vai conseguir repetir e modelar conteúdos que já existem. Então, estamos diante de um risco de massificação de textos óbvios e repetitivos, que não necessariamente checam suas fontes.

Mas, olhando à nossa volta nas redes sociais…

Isso já aconteceu independentemente de qualquer ferramenta de Inteligência Artificial, não?

  • ChatGPT, escreva uma legenda motivacional para complementar essa frase de efeito que vi na internet;
  • ChatGPT, escreva uma breve reflexão sobre a efemeridade da vida e a importância da última celebridade que faleceu;
  • ChatGPT, escreva uma fanfic para o LinkedIn. Pra ser mais específico, escreva uma reflexão sobre encontrar oportunidades para crescer na carreira após se molhar na chuva — como o Vitor Peçanha fez nesse post aqui.
Esta imagem foi criada por I.A., via DALL·E 2

E poderíamos seguir preenchendo essa lista por horas com textos sintéticos que a IA poderá passar a escrever a partir de agora. Se é que já não está escrevendo.

Talvez, isso ganhe até mesmo um reflexo positivo.

Quando a discussão sobre os podcasts fakes estourou, por exemplo, ela colocou nos holofotes como as pessoas estavam forjando entrevistas para fabricar uma imagem de maior importância e autoridade.

Não demorou para nos questionarmos se os vídeos que aparecem são de podcasts verdadeiros, ou se são apenas monólogos encenados.

A mesma coisa pode acontecer agora enquanto consumimos conteúdo.

— Será que esse texto foi escrito pelo ChatGPT? E se esse texto parece ter sido escrito por IA, será mesmo que é um conteúdo que quero consumir?

Como consumidores, o segredo não foge do senso crítico: muitas pessoas reclamam da qualidade dos conteúdos nas redes sociais, mas poucas se esforçam para filtrar o que chega até elas.

Repare que nem entrei na discussão de originalidade vs. plágio dos textos produzidos dessa forma.

Mas, se um redator fizesse uma colagem de vários conteúdos que ele encontrou sem um processo criativo por trás, seria plágio? Eu certamente iria preferir se ele compartilhasse suas referências.

E você pretende aderir ao ChatGPT?

Depois de interagir bastante com a ferramenta nos últimos dias, ainda não sei dizer o quanto vou usá-la no dia a dia para processos mais manuais. Na escrita em si, acredito que ainda não.

Fiz, inclusive, alguns testes com trechos de um conto de ficção que estou escrevendo e o retorno que tive foram textos extremamente expositivos, narrando de forma explícita em vez de deixar os detalhes falarem por si só.

Pode ser um ponto de partida? Talvez, mas não acredito que deve ser a versão final.

Além de um possível processo por copiar outros trabalhos da base de dados do ChatGPT, um risco que não estou disposto a correr é o de viciar meu processo criativo.

Quanto mais alguém insiste em terceirizar etapas de um texto para a IA, mais dependente daquela tecnologia ela vai se tornar. Até chegar num ponto que somente será possível escrever algo em parceria com o ChatGPT.

Será que vale a pena?

Esta imagem foi criada por I.A., via DALL·E 2

Da mesma forma que vale tomar cuidado com o extremo de se viciar na ferramenta, acho válido também não fechar as portas.

Num próximo momento que precisar de algum ajuste bem específico para um texto, ou talvez um título, arrisque experimentar o ChatGPT.

Talvez, ele acabe te ajudando.

Se não, vai reforçar que sua versão original era melhor mesmo.

Essa é uma discussão que poderíamos estender por horas e horas sem maiores dificuldades.

Por enquanto, vale encerrar com a melhor pergunta que vi alguém fazer ao novo oráculo.


Eduardo Lopes: explique por que os escritores não deveriam ter medo da concorrência da inteligência artificial.

ChatGPT: (…) porque a IA ainda não é capaz de criar conteúdo com a mesma criatividade e emoção que os seres humanos. Ela (…) ainda não é capaz de criar histórias complexas e intrigantes ou de escrever com a voz única de um escritor. Além disso, a IA não tem a capacidade de se relacionar com os leitores de forma humana e autêntica, o que é fundamental para construir uma base de fãs leais. A IA é uma ferramenta valiosa para escritores, mas não é uma ameaça para eles.


Adorei a ousadia no “ainda não é capaz de…”

Então, não vamos terceirizar para a IA o que ainda podemos fazer melhor que ela e, assim, ela não se torna uma ameaça.


Qual título o ChatGPT daria para esse texto?

Depois de copiar e colar todo o texto anterior, pedi ao ChatGPT para escrever 10 sugestões de títulos:

(…)

  1. “O fim dos escritores e redatores: A chegada do ChatGPT”
  2. “ChatGPT: A ameaça à profissão de escritor?”
  3. “Escrita sintética: A evolução da inteligência artificial na literatura”
  4. “O impacto do ChatGPT na escrita humana”
  5. “O futuro da escrita: Escritores sintéticos?”
  6. “Os desafios da automatização da escrita com o ChatGPT”
  7. “ChatGPT: A nova era da escrita”
  8. “Textos sintéticos x escrita humana: O impacto do ChatGPT”
  9. “A revolução da escrita com o modelo de linguagem ChatGPT”
  10. “A escrita nunca mais será a mesma: O avanço do ChatGPT”.

Por enquanto, ainda prefiro o meu.


Um convite para você que leu até aqui

Especialmente para você, que prefere não terceirizar o que ainda podemos fazer melhor que a Inteligência Artificial, as inscrições para a 13ª turma do curso de Escrita Criativa e Storytelling estão abertas.

São mais de 12h de videoaulas para você aprender tudo o que precisa para colocar sua voz em seus textos e escrever com mais autenticidade, para prender a atenção de seus leitores da 1ª até a última palavra.

Clicando aqui, você pode conferir todas as informações sobre o curso e também um vídeo onde te apresento ele por dentro.

Vale reforçar que o Escrita Criativa e Storytelling não está sempre de portas abertas. A 12ª edição do curso aconteceu em Agosto de 2022 e as inscrições para a 13ª estão abertas até o dia 14/02.

Aproveite para conhecer o curso e tirar todas as suas dúvidas enquanto tá em tempo de garantir sua inscrição.

Se quiser fazer qualquer pergunta, sinta-se em casa. No canto inferior direito da página, tem um chat para você falar diretamente comigo.

Para se inscrever, é só clicar aqui.

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Éramos órfãos antes de sermos filhos dessas músicas https://dimitrivieira.com/filhos-dessas-musicas/ https://dimitrivieira.com/filhos-dessas-musicas/#respond Fri, 27 Jan 2023 18:18:07 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=8878 Nos tempos de faculdade, eu tinha uma espécie de ritual para os dias que precisava dormir duas horas ou menos para estudar para alguma prova.

Não era sempre que precisava disso. Somente nos casos que os professores exigiam que memorizássemos mais do que caberia em nossas cabeças, que também não eram tão raros assim.

Virando a noite, eu chegava com o conteúdo fresco o suficiente para repeti-lo na prova e, horas depois, começava a esquecer. Depois, o ciclo se repetia no próximo exame.

Dormindo pouco, me mantinha acordado e concentrado à base de bastante cafeína e música. Até hoje, tenho um certo trauma de café coado por conta disso.

Se o cheiro de café me embrulha o estômago me lembrando das noites mal dormidas, várias músicas trazem uma sensação nostálgica maravilhosa.

Enquanto saía de casa, sempre apertava o play no mesmo álbum — Sink or Swim, do Gaslight Anthem — por um motivo simples: escutar algo agitado o suficiente para me manter acordado.

Até hoje, quase seis anos após receber meu diploma, a primeira música do disco, Boomboxes and Dictionaries, continua tocando na minha cabeça sempre que tenho a sensação que sou a primeira pessoa do prédio a despertar.

Toda vez que toco o pé na rua perto das 6h da manhã, os mesmos acordes voltam.

E se eu tinha certeza que a escolha era apenas pela melodia, hoje não mais. Olha só as primeiras frases do refrão:

And if you’re scared of the future tonight, we’ll just take it each hour one at a time.
Se você estiver com medo do futuro hoje à noite, vamos apenas uma hora por vez.

Anos depois, o mesmo efeito com diversas músicas diferentes.

Os alunos mais observadores do curso de LinkedIn para Marcas Pessoais, talvez, tenham notado um fone de ouvido sem fio aparecendo nas últimas aulas do curso.

Exausto com o final das gravações às 2h da manhã, a cada pausa, tirava energia da trilha sonora — bem marcada por Phenomenal, do Eminem.

Quando saio para caminhar numa avenida em Belo Horizonte, também não demora para The Modern Leper, do Frightened Rabbitsurgir na minha cabeça.

E não para por aí.

Porque eu acredito que podemos encontrar uma música para cada vitória, cada derrota e cada momento em nossas vidas.

E adivinha só? Também tem uma música que diz exatamente isso.

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Um filme, um livro e um podcast para começar o ano de 2023 inspirado https://dimitrivieira.com/comecar-2023-inspirado/ https://dimitrivieira.com/comecar-2023-inspirado/#respond Wed, 18 Jan 2023 00:36:06 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=8729 O filme é bem incomum e foi criado pelos mesmos responsáveis de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.

O livro é um clássico que me escapou por algum tempo e, depois de algum tempo sem ler ficção, me fez voltar a ler uma obra em tempo recorde e entrou pros meus favoritos.

Enquanto o podcast foi um dos meus mais escutados de 2022. Descobri por volta de setembro e, em novembro, já havia escutado todos os mais de 40 episódios disponíveis.

Se você me acompanha por aqui há mais tempo, talvez se lembre que fiz algo parecido no início de 2021 e também no começo de 2022.

Talvez seja a continuação de uma tradição, talvez seja falta de inspiração, talvez as tradições comecem por falta de inspiração.

Depois de conferir, me diz o que achou das indicações? E claro, se tiver uma recomendação, é só dizer nos comentários.

Um filme: Swiss Army Man

Há aproximadamente 10 anos, mantenho um top 5 de filmes de cabeça e não são necessariamente os melhores filmes tecnicamente que já vi, mas o que mais me impactaram e mais gostei no momento que os vi.

Depois de ver Swiss Army Man, os cinco filmes foram atualizados (sem uma ordem de preferência):

  1. Mr. Nobody
  2. Peixe Grande
  3. Clube da Luta
  4. Na Natureza Selvagem
  5. Medo e Delírio em Las Vegas Swiss Army Man

Com Paul Dano e Daniel Radcliffe como protagonistas, ele foi escrito e dirigido pelos Daniels, e ganhou um nome bem pior no Brasil: Um Cadáver para Sobreviver.

É um clássico caso de ame ou odeie e isso fica bem claro pelo processo criativo por trás do filme.

Os Daniels listaram várias coisas que não gostavam, como humor escatológico, musicais — especialmente, musicais à capella — e decidiram criar um filme que usasse tudo isso e tivesse seu selo de qualidade.

Para entregar o mínimo possível por aqui e preservar sua experiência, uma bela forma de resumir Swiss Army Man é: o primeiro peido vai te fazer rir, enquanto o último vai te fazer chorar.

Um livro: O Velho e o Mar, de Hemingway

“Eu sei que isso é o melhor que posso escrever na minha vida toda”.

Foi com esse bilhete que Ernest Hemingway entregou a versão original de “O velho e o mar” para seu editor, em 1952.

Um ano depois, a obra lhe rendeu o prêmio Pulitzer e, em 1954, foi fator decisivo para a premiação de Hemingway com o Nobel de Literatura.

Um clássico que, de alguma forma, me escapou por bastante tempo. Logo depois de ler, se tornou minha nova obsessão literária e entraria sem dificuldades para a lista dos meus cinco livros preferidos de ficção.

“O velho e o mar” é um livro que espanta pela simplicidade, além da narrativa direta bem característica de Hemingway. Ao final, você até pode se perguntar se era só isso.

Até você parar para digerir os acontecimentos.

Sobre ele, cheguei a escrever um artigo em junho de 2022. Para ler, é só clicar aqui.

Um podcast: Divã de CNPJ, com Facundo Guerra

Não sei você, mas eu simplesmente não consigo me identificar com o discurso clássico de empreendedorismo que idolatra nomes como o Elon Musk.

Sempre tive preguiça e, graças ao Facundo Guerra, entendi o motivo dessa preguiça e ainda descobri uma perspectiva do empreendedorismo que me identifico — e muito.

A grande maioria das pessoas que ele convida para seu podcast, Divã de CNPJ, são mulheres e as conversas são bem profundas.

As conversas variam entre os mais diversos nichos possíveis e falam sobre os negócios, as trajetórias e a vida pessoal de quem passa por lá.

É um dos poucos podcasts que escutei literalmente todos os episódios, com exceção do que saiu hoje e que ainda vou ouvir na academia logo menos.

Pra começar a conhecer o Divã de CNPJ, vale escolher algum desses 3 episódios que listei a seguir, mas também recomendo dar uma olhada na lista de todos os episódios. Tem grandes chances de alguém que você admira já ter passado por lá.

Bônus: uma curiosidade que eu não poderia guardar pra mim

Quão longe você já foi para tentar provar que seu ponto de vista estava certo? Melhor, qual pessoa você conhece que foi mais longe para se provar certa?

E quantas vezes você já ouviu alguém comentando que o Jack também poderia ter se salvado em Titanic? Havia ou não havia espaço para ele na porta onde Rose subiu para se salvar?

Agora, imagina só quantas vezes James Cameron, diretor e roteirista do filme, escutou isso. Consigo imaginar perfeitamente: um fã se encontra com ele, elogia todo o seu trabalho e fecha com “mas você não precisava matar o Jack, hein?”.

Por isso, o diretor conduziu um experimento científico, com um especialista em hipotermia, para provar de uma vez por todas que somente uma pessoa poderia ter sobrevivido.

Talvez seja por isso, talvez seja por marketing.

Porque esse experimento vai render um pequeno especial, que deve sair em fevereiro e vai coincidir com o período em que uma versão de Titanic restaurada em 4K vai chegar aos cinemas.

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Despedidas são estranhas. Transições, mais ainda https://dimitrivieira.com/despedidas-sao-estranhas-transicoes-mais-ainda/ https://dimitrivieira.com/despedidas-sao-estranhas-transicoes-mais-ainda/#respond Fri, 18 Nov 2022 00:24:00 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=8717 Pelo 3º ano seguido, fecho o mês de novembro com a sensação que concluí um novo ato importante na minha vida. E cada ano teve um evento bem específico para marcar esses atos, mas logo falamos dele.

Em 2020, foi meu pedido de demissão, a despedida do CLT e a aposta na minha marca pessoal.

Em 2021, a mudança para São Paulo. Um ano atrás, estava num AirBnb na Barra Funda visitando apartamentos para decidir qual alugar.

2022 e a despedida de São Paulo, sem saber tão bem ainda onde estarei no ano que vem nesta data. Mas algo me diz que vou transitar bastante entre BH, SP e Goiânia.

No último domingo de novembro, é dia de encaixotar todas minhas coisas, tralhas e experiências num carro e levá-las de volta para BH. Será o trecho final de uma semana intensa, para fechar um mês insano de um ano bem marcante.

2022 foi um ano especial porque marcou uma nova transição também.

Antes, eu era um mero criador de conteúdo e escritor com uma eupresa. Meu trabalho era basicamente me manter ativo o bastante para continuar abrindo novas portas.

Só que uma dessas novas portas que se abriram deu origem à Gombo — empresa que cofundei com o Erih Carneiro e 1ª agência focada 100% em engajamento, lançamentos e influência no LinkedIn.

Em menos de um ano, trabalhamos com marcas como TikTok, Heineken, PicPay, iFood, Zenklub e várias outras.

Nisso, o Dimitri criador passou a conviver ainda mais com o Dimitri mentor, o Dimitri estrategista e o Dimitri empresário.

Muitos aprendizados, muitas ideias e muitas possibilidades estarão na minha mala de volta para BH no dia 27/11.

E uma certeza: pode esperar bastante barulho da Gombo nesse 2023.

Mas, claro, também algumas incertezas: com tantos Dimitris, o escritor não teve o mesmo tempo para produzir como tinha antes.

O resultado foi que passei boa parte do tempo me cobrando por não conseguir manter esta newsletter sempre semanal, por não conseguir publicar tantos artigos como antes, e me recuso a fazer qualquer promessa nesse momento.

Mas a despedida é apenas de São Paulo, viu?

E a cultura workaholic dessa cidade me pegou de jeito nos últimos dias. Da última semana para cá, participei do Missão Creator, fiz uma mentoria em grupo ao vivo para os alunos do Plugcitários, gravei uma aula presencial para o pessoal do Plugcitários também e, hoje às 15h, ainda tem uma palestra para a Lumen Academy.

No meio desse caos, tirei alguns minutinhos para conversar com você.

Porque uma coisa que aprendi é que esse tipo de texto, sem maiores pretensões e com conversas francas, são o que me mantém interessado e motivado em conviver com os outros Dimitris — tá ficando estranho esse negócio de 3ª pessoa, hein?

Então, não pretendo abrir mão jamais das nossas conversas, nem das análises de filmes e séries.

Vou pensar com muito carinho para encontrar a melhor forma de encaixar tudo isso no que vem por aí.

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Uma rebelião acústica https://dimitrivieira.com/uma-rebeliao-acustica/ https://dimitrivieira.com/uma-rebeliao-acustica/#respond Thu, 03 Feb 2022 14:44:43 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=6654 Algo mágico acontece quando um músico de um ritmo mais pesado decide pegar um violão e apostar num formato mais intimista.

As letras, que ficavam em segundo plano, atrás dos instrumentos pesados e dos gritos, tornam-se a atração principal e ganham os holofotes.

Cansei de ouvir bandas barulhentas anunciando que quebrariam o sistema de alguma forma, mas foi Johnny Cash, com seu violão, que calou a Casa Branca.

E se você é fã de Rock, Punk Rock, ou mesmo metal, certamente conhece algum artista que passou por essa trajetória.

Alguns exemplos que posso listar de cabeça são Corey Taylor, Brian Fallon, Frank Turner, Chuck Ragan e Dave Hause.

Este último é o principal culpado por me fazer escrever sobre isso hoje.

Seu disco Paddy tem uma música que, pela melodia, mais parece uma canção de ninar trabalhada no dedilhado.

Até você prestar atenção na letra e notar que poderia facilmente ser adaptada para gritos de uma multidão tomando as ruas para se manifestar.

Com direito à repetição extremamente calma de “fuck them all” no refrão — como quem diz “o que eu tenho para dizer importa e isso é o bastante, me recuso a gritar para chamar sua atenção”.

Essa é a mágica.

Especialmente num mundo que parece gritar por atenção e reconhecimento em cada canto que olhamos.

É trocar esses gritos por suspiros, importar-se mais com o que tem a dizer e menos com quem vai ouvir.

Uma rebelião acústica.


PS.: por muito tempo, tive vontade de escrever um manifesto que resumisse bem minhas principais crenças no universo da escrita e da produção de conteúdo, mas não queria escrever algo extremamente formal.

E também pensei bastante em opções de nomes para batizar minha newsletter.

Procurei conceitos relacionados à Escrita Criativa ou Storytelling — algo que soasse chique e me deixasse com cara de autoridade, mas sabe quando não fica natural?

Então, certo dia, comecei a escrever um texto para abrir a minha newsletter — ainda sem nome — e, quando terminei de escrever, não precisei procurar mais por um nome, nem me preocupar em escrever um manifesto.

Newsletter: uma rebelião acústica
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O Dilema das Fórmulas Prontas e como usá-las a seu favor https://dimitrivieira.com/dilema-das-formulas/ https://dimitrivieira.com/dilema-das-formulas/#respond Thu, 20 Jan 2022 13:42:54 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=6468 Quando falamos em fórmulas prontas, especialmente no Marketing Digital, um fenômeno curioso costuma acontecer por conta da generalização e da polarização.

Uma forma de se ver é que a fórmula deve ser seguida à risca, como um checklist — marcando etapa por etapa, passo a passo — para garantir uma reprodução fiel.

E a outra forma, influenciada por essa primeira, costuma ir direto para o outro extremo.

Ao ver uma aplicação tão engessada, a resposta é condenar a fórmula afirmando que quem trabalha com estruturas prontas mata a sua criatividade.

Mas adianto que isso só acontece quando insistimos em aplicar algo que não estudamos a fundo.

Para te mostrar isso, vamos falar de uma das estruturas mais famosas dentro do Storytelling: a Jornada do Herói.

A transformação das fórmulas em checklists

Ao pesquisar no Google por “jornada do herói”, você vai encontrar inúmeros textos — inclusive, um que escrevi nos tempos de Rock Content — que simplificam suas 12 etapas em um texto de mil palavras.

Essa simplificação é necessária em textos assim, porque a pessoa que faz essa pesquisa quer encontrar um checklist.

Então, entregando isso para ela, as chances do texto aparecer melhor posicionado no Google aumentam consideravelmente.

Só que esses textos deveriam ser apenas um ponto de partida para compreender a Jornada do Herói, mas se tornaram o final. É daí que nascem os checklists.

O que é bem curioso, porque, logo no prefácio do livro que popularizou essa estrutura, “A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores”, o autor Christopher Vogler crava que ela deveria ser usada como uma forma, não uma fórmula.

Justamente para evitar sua aplicação como um checklist, mas parece que muitas pessoas não chegaram até essa página do livro.

Reprodução VS Inovação

Antes de discutirmos se a fórmula mata sua criatividade e te atrapalha de inovar, vale reforçar como elas costumam nascer — numa espécie de engenharia reversa, ou análise em retrospectiva.

Rory Sutherland fala sobre esse processo com uma analogia fantástica em seu excelente livro, Alchemy: The Dark Art and Curious Science of Creating Magic in Brands, Business, and Life:


“Imagine que você está escalando uma montanha que nunca foi escalada antes. Lá de baixo, é impossível dizer quais encostas são transitáveis (…) Sua escolha envolve muitas tentativas e erros: as rotas são experimentadas e abandonadas; há retrocesso e travessia frequentes.

Muitas das decisões que você toma podem basear-se apenas em instinto ou boa sorte. Mas, eventualmente, você chega ao topo e, assim que chega lá, o caminho ideal é aparente.

Você pode olhar para baixo e ver qual teria sido o melhor caminho a seguir, e isso agora se torna ‘a rota padrão’.

Quando você descreve a rota que você fez para seus amigos montanhistas, você finge que foi a rota que você fez o tempo todo: com o benefício da retrospectiva, você declara que simplesmente escolheu essa rota por meio do bom senso.

— Rory SutherlandAlchemy: The Dark Art and Curious Science of Creating Magic in Brands, Business, and Life


Esse trecho até poderia ser usado para criticar a fórmula final da escalada por ela desconsiderar as nuances e facilitar o processo.

Porém, em vez disso, vejo muito mais sentido em considerarmos que elas existem, mesmo que elas não estejam representadas na estrutura pronta.

Só não pense que aquela rota vai funcionar se decidirmos segui-la à risca. E menos ainda que ela funciona para qualquer montanha.

Então, ao tentarmos reproduzir a escalada, precisamos acrescentar algumas nuances com nossas próprias tentativas e erros. Mas seguindo a rota traçada, teremos um caminho familiar.

Trazendo para a Jornada do Herói, essa familiaridade pode facilitar bastante sua vida quando usada como limitação criativa ao contar uma história e, mais ainda, pela familiaridade com a audiência.

Porque, quando descartamos quaisquer estruturas e trabalhamos com algo completamente caótico — escolhendo a total inovação em vez da reprodução —, a estranheza pode afastar as pessoas.

Não é à toa que Hollywood continua usando vários elementos da Jornada do Herói em filmes produzidos para ter sucesso numa escala global. Poucas histórias conseguem arrastar tantas pessoas para o cinema quanto essa boa e velha estrutura — temperada com algumas nuances.

Então, por que não fazermos o mesmo em nossos trabalhos?

Um convite para você que leu até aqui

Este texto é uma versão alternativa inspirada em uma das aulas do curso de Escrita Criativa e Storytelling, que está de portas abertas para a 10ª turma.

Para que você não fique dependente de fórmulas prontas, falamos sobre elas no começo do curso (módulo 3) — quando cobriremos as principais estruturas para contar boas histórias (não apenas a Jornada do Herói).

Depois disso, ainda termos outros 8 módulos para aprofundar no que uma história precisa ter além de uma jornada. Assim, você terá as fórmulas disponíveis no seu arsenal e no seu repertório, para usá-las sempre que precisar, mas sem ficar preso a nenhuma delas.

Se você quer desenvolver sua escrita para produzir conteúdos mais autênticos, atrair mais leitores e prender sua atenção, a hora é essa.

Porque o curso vai te ensinar isso na prática, com vários exemplos e estudos de caso, seguindo 4 pilares principais:

1. Storytelling
2. Experiência do usuário como leitor
3. Escrita Criativa
4. Copywriting

Tudo para que você aprenda como desenvolver uma narrativa capaz de atrair, conectar, envolver e emocionar seus próximos leitores e suas próximas leitoras.

E só para não te pegar de surpresa, esta turma será a última que terá direito ao acesso vitalício e as inscrições vão até dia 24/01 — vulgo “próxima segunda”.

Se quiser conferir a opinião de quem fez o curso, o depoimento mais recente que recebi foi do Guilherme Tonial:


“Um dos melhores cursos que já fiz sobre o tema, com dicas práticas objetivas e principalmente que funcionam. Me ajudou muito a desbloquear minha escrita, principalmente no começo da minha carreira.
Esse curso me ajudou a me afirmar como escritor e viver de escrita hoje, atuando como copywriter full-time. Dimitri é um excelente professor, didático com vários exemplos do dia a dia. Recomendo a todos que precisam de uma ajuda para melhorarem a sua qualidade de escrita e principalmente ter mais criatividade na hora de produzir conteúdo.”


Clique aqui para conferir todas as informações sobre o curso e fazer sua inscrição.

Se tiver qualquer dúvida, sinta-se em casa para me perguntar 🙂

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Por que decidi trocar o nome da “Black Friday”? https://dimitrivieira.com/por-que-decidi-trocar-o-nome-da-black-friday/ https://dimitrivieira.com/por-que-decidi-trocar-o-nome-da-black-friday/#respond Fri, 12 Nov 2021 14:00:18 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=5908 Talvez você tenha acompanhado a discussão que levantei, tanto no Instagram quanto no LinkedIn, sobre a possibilidade do termo “Black Friday” perpetuar o racismo de alguma forma.

Possibilidade em negrito, porque existem diversas possíveis explicações para o nascimento dessa expressão, tornando sua origem inconclusiva.

Antes, quero frisar que não estou levantando esse tema para “lacrar”, dizendo que “É isso e pronto! Qualquer pessoa que pensar diferente está errada.”

Nem para lecionar sobre racismo. Sei bem que não é meu lugar de fala, porque nunca senti isso na pele.

Estou aqui para levantar um diálogo sobre a origem do termo, porque isso eu pesquisei bastante nos últimos dias e conversei muito, com várias pessoas, sobre o assunto.

Um ponto bem importante para dizer logo de cara é que a conotação racista não está no uso dos termos “black”, “preto” ou “negro” isolados, mas no contexto de origem da expressão.

Por isso, estou batendo tanto nessa tecla.

E como é uma expressão que importamos dos EUA, precisamos discutir sua origem por lá.

1. Em 1951, há um registro dela sendo usada de forma pejorativa, para se referir ao grande volume de pessoas matando o trabalho após o dia de Ação de Graças.

2. Nove anos depois, na Filadélfia, a mesma expressão começou a ser utilizada pela polícia para se referir ao caos que acontecia, pelo excesso de pessoas que fazia compras para o Natal após o dia de Ação de Graças.

Os lojistas, inclusive, não gostaram da expressão e tentaram emplacar “Big Friday”, que acabou não pegando. E, em 1990, “Black Friday” se tornou um evento popular em todo os EUA.

3. Um registro mais antigo da mesma expressão aconteceu em 1869, para se referir à uma grave crise financeira nos EUA, por conta da queda drástica do valor do ouro.

4. Existe, também, uma possível explicação de ser uma alusão aos lojistas fazerem essa promoção para sair do vermelho no crédito e ir para o azul. Nos EUA, utiliza-se “Black” para essa expressão.

5. Por último, existem debates que cogitam a possibilidade do termo estar relacionado à escravidão. Porém, não encontrei nenhuma referência que confirmasse isso e acredito que, caso isso fosse confirmado, o termo também seria abolido.

Apenas trouxe esse último ponto, porque foi um argumento que me apresentaram em algumas das conversas que tive.

Sem uma fonte confirmando, vamos nos ater aos 4 primeiros.

Quatro possíveis origens.

Três trazem conotações pejorativas e uma, apenas uma, traz uma relação positiva à cor preta.

Depois de levantar essa discussão, passei a reparar na quantidade de marcas e influenciadores que já estão se movimentando para trocar o nome de suas próprias “Black Fridays”:

  • Avon: Best Friday
  • Natura: Natura Friday
  • M.A.C Cosméticos: Beauty Friday
  • Imaginarium: Color Friday
  • Adidas: Best Fridays
  • Ipiranga: Yellow Friday
  • Americanas: Red Friday

Fonte: Exame

Se você reparar, outro movimento que também está acontecendo é de promoções que chamam mais atenção para o desconto e o período em que ele acontece. Não necessariamente dando um nome para ele.

Você pode dizer que essa discussão é um grãozinho de areia no combate ao racismo. Talvez, seja menos que isso.

Existem, sim, incontáveis expressões e situações que merecem maior atenção e combate que a “Black Friday”.

Mas acredito que, se discutirmos o “grãozinho de areia”, estamos trazendo uma abertura para dialogar e combater esses casos também.

— Ah! Mas o termo sempre foi esse e ninguém nunca reclamou. De repente, tudo virou racismo!

Quando algo discutível (para não dizer “errado”) permanece existindo por muito tempo, ela se torna tradição? E essa tradição deve ser imutável? Intocável?

Muitas coisas que mudaram, antes, eram dadas como certas e imutáveis. Você se lembra da banheira do Gugu e dos comercias de cerveja dos anos 90?

Outro exemplo que não vivi são as propagandas de cigarro, que traziam os maiores astros de Hollywood para te convencer que fumar é bonito.

Pois é. Por muito tempo, foram tradição. Hoje, não vão para o ar mais.

Então, deixo uma pergunta para você.

Se 3 das 4 possíveis origens são pejorativas e existem pessoas negras que se sentem ofendidas pela expressão “Black Friday”, por que não trocá-la?

Os nomes precisam ser em inglês?

Dos exemplos que eu trouxe, todos são em inglês, você notou?

Isso é um forte reflexo da nossa americanização? Sim, mas também é por conta do marketing.

É indiscutível a forte marca do termo “Black Friday”. Essas duas palavrinhas sozinhas já te informam:“Desconto grande no final de novembro e, se você está no Brasil, cuidado com as promoções que vendem tudo pela metade do dobro”.

“Black Week” e “Black November” também trazem essa mesma conotação, pela similaridade das expressões.

Então, quando você decide criar sua própria expressão para a “Black Friday” é um desafio gigantesco chegar em um termo com um significado próximo.

E uma saída acaba sendo pegar carona no inglês por conta da similaridade.

Para vermos isso, basta fazer uma comparação dos exemplos que trouxe ali em cima com suas versões traduzidas. Quais parecem mais se referir a um desconto?

  • Best Friday ou Melhor Sexta?
  • Sexta Natura ou Natura Friday?
  • Sexta da Beleza ou Beauty Friday?
  • Color Friday ou Sexta Colorida?
  • Melhores Sextas ou Best Fridays?
  • Sexta Amarela ou Yellow Friday?
  • Red Friday ou Sexta Vermelha?

Talvez seja uma evolução natural para termos nossa versão brasileira, mas, por enquanto, acredito que continuaremos reféns da nossa americanização.

E qual será a sua “Black Friday”, Dimitri?

Eu tentei criar uma versão não apenas brasileira, mas mineira do termo.

Emendando Novembro + Barato, cogitei usar Novembarato.

Inclusive, vou deixar esse nome guardado com carinho e, talvez, passe a usá-lo no futuro.

Por enquanto, vou com a maioria.

Fiz uma enquete no meu perfil do Instagram com quatro opções para o pessoal votar e o resultado foi:

  • Brand Week: 4,84%
  • Blue Week: 4,84%
  • Novembarato: 27,42%
  • ???: 62,90%

Só para fazer um pouco mais de suspense…

Você pode conhecer a opção vencedora no gif abaixo:

DimiWeek: faça sua pré-inscrição para garantir sua vaga pela metade do preço

Como você bem pode notar, seria muito, mas MUITO, mais fácil apenas manter o nome “Black Friday” e não me envolver em discussão alguma. Teria me poupado uma bela dor de cabeça na segunda, respondendo ataques no LinkedIn também.

Mas, depois que parei para pensar em tudo isso que resumi para você no texto até aqui, fica difícil manter o nome.

Confesso que ainda não me acostumei a dizer DimiWeek, mas talvez seja questão de tempo e, se precisar, posso mudar de novo sem problemas.

PS.: Talvez, você tenha lido até aqui e esteja pensando “estão problematizando tudo, geração da lacração, geração nutella, nos meus tempos não era assim, mimimi” e espero que não seja o caso.

Mas, se for e você espera que eu respeite sua opinião, espero também que você respeite minha escolha de mudar o nome por um motivo bem simples.

Sou eu quem estou organizando evento, não é? Então, deixa eu escolher o nome que eu preferir. Se “problematizar tudo” te incomoda, não vem problematizar o nome que escolhi também não. 🤷‍♂️

Agora, se quiser debater sobre o assunto de forma saudável, estou sempre à disposição.

DimiWeek: maior desconto do ano no curso de LinkedIn para Marcas Pessoais

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O jogo virou e a “fanfic” do momento é a de “um LinkedIn sem fanfics” https://dimitrivieira.com/um-linkedin-sem-fanfics/ https://dimitrivieira.com/um-linkedin-sem-fanfics/#respond Wed, 27 Oct 2021 12:29:30 +0000 https://dimitrivieira.com/?p=5326 “Por que o LinkedIn é uma rede social tão odiada?” era o título de uma matéria da uol, que saiu em agosto de 2021.

Na época, ensaiei escrever algo como resposta, porque o texto generaliza os conteúdos que circulam pelo LinkedIn de uma forma incômoda.


“Com tantos usuários querendo ‘vender o peixe’, o conteúdo do LinkedIn vaza para outras redes sociais com publicações problemáticas, polêmicas ou apenas clichês demais.”

— “Por que o LinkedIn é uma rede social tão odiada?”, Marie Declercq


Também relutei em escrever esse artigo por um motivo que você logo vai entender.

Mas logo reparei que a matéria é reflexo dos conteúdos linkedianos que ganham maior destaque em outras plataformas.

É uma resposta natural odiar o LinkedIn, se você acompanha apenas os prints que circulam pelo Twitter.

Da mesma forma que o deboche da página das Fanfics Corporativas sempre me arrancou boas risadas, sendo um raro motivo que me fazem lembrar que o Facebook ainda existe.

Antes de encerrar a matéria, como numa nota de rodapé, Marie Declercq coloca Murillo Leal como porta-voz para dizer que existem bons conteúdos de pessoas que não defendem esse ‘mundo mágico’ do LinkedIn.

Será que o problema é só esse “mundo mágico”?

As fanfics corporativas não são o problema do LinkedIn

Entre 2018 e 2019, o LinkedIn era facilmente um dos canais em que eu mais consumia conteúdo.

Sabia de cabeça o dia da semana que algumas pessoas que admiro postavam novos artigos, e fazia questão de acompanhar cada publicação.

Nessa época, as histórias mirabolantes de superação já circulavam. Só não haviam sido batizadas como fanfics corporativas ainda.

E mesmo “conteúdos de valor” sendo subjetivos, eles também sempre existiram.

É uma simples questão de escolher o que você prefere consumir — que insistimos em complicar.

Sabe aquela máxima que a culpa nunca é da ferramenta, mas de quem a utiliza?

Por isso, acredito que as fanfics são apenas um reflexo do principal problema por aqui: a Lei do Mínimo Esforço.

Mesmo que existam profissionais incríveis compartilhando conteúdo, boa parte escolhe publicar o que for minimamente trabalhoso e traga o máximo alcance possível.

É por isso que vemos publicações como essa:

Em números, são praticamente imbatíveis. Na métrica de resultado por esforço, mais ainda.

Nessa mesma conta, entram as histórias mirabolantes e vários clichês que viralizam no Twitter e nas Fanfics Corporativas.

No fim das contas, os criadores das histórias mirabolantes, do “clique duas vezes na imagem”, “comenta ‘eu quero'” e cia. estão dançando a mesma música, com coreografias bem parecidas.

Cheguei a escrever sobre conteúdos assim algumas vezes, mas logo entendi que criticar esse comportamento funcionava apenas como posicionamento. Entre os autores, quase não surte efeito.

Maior alcance, menor esforço, a conta fecha e é isso o que produzem.

Em vez de insistir nessa, fiz uma faxina caprichada no meu perfil e limpei as fanfics.

Porém, um novo gênero surgiu.

Um LinkedIn sem fanfics também é uma fanfic

Hoje, tenho a impressão que metade dos conteúdos viralizam são histórias mirabolantes de reviravolta. Enquanto, a outra metade critica essas histórias.

As anti-fanfics, que atacam os excessos e clichês do LinkedIn, se tornaram um nicho de conteúdo.

Num primeiro momento, parecem assuntos que se contrapõem. Mas, se você olha bem, as semelhanças podem assustar.

Templates prontos, temas em alta e uma lição de moral no final — essa é a fanfic.

Troque a lição de moral pelo deboche, ou adicione um X ao que você quer critica, e voi-la.

Clique duas vezes se você não aguenta mais os posts de “clique duas vezes”.

Em alguns casos, também há referência para bons conteúdos no mesmo padrão de nota de rodapé da matéria da Marie Declercq.

“Não escreva fanfics. Você precisa escrever conteúdo real” é quase um mantra.

Num vídeo recente, incorporei um personagem que te ensina a viralizar no LinkedIn e brinquei justamente com essa situação.

— Além das fanfics, tem outro jeito muito mais fácil de viralizar.  É só você criticar e debochar dessas histórias, falando que é tudo utopia e que o negócio mesmo é conteúdo de verdade!

— Aí eu pego, faço um post desse e, no próximo, começo a escrever conteúdo de verdade?

— Não, não, não, não, não. Pode parar com isso, porque esse negócio aí dá muito trabalho e não é garantido que vai viralizar. O segredo é criticar e debochar. Criticar e debochar.

(Para conferir o vídeo na íntegra, é só clicar aqui.)


Um apontar de dedo distante, um anúncio do problema e uma menção à solução. A prática fica em segundo plano.

Eu penso na queda do Facebook e imagino duas pessoas correndo para o LinkedIn ao saber da notícia.

A primeira anuncia: “pode preparar para encontrar lições que o pessoal aprendeu com a queda do Facebook”, enquanto a segunda escreve essas lições. Parece até um trabalho em dupla quando olhamos assim.

No fim das contas, é uma paródia da música que ditava as coreografias anteriores, mas a letra pouco muda.

O que nasceu como um movimento contra algo que não trazia conteúdos reais acabou se tornando uma estratégia bem próxima do que tanto criticava.

O ódio do Twitter e o deboche das Fanfics Corporativas invadiram o LinkedIn, com uma grande diferença: a autopromoção entra em jogo.

Se, antes, era um movimento natural. Hoje, não é mais.

A autopromoção das histórias exageradas ganhou traços auto-depreciativos e ganhamos no deboche. Mas o posicionamento contra os excessos se tornou o novo excesso — com seus próprios toques performáticos.

O jogo virou, a fanfic do momento é a de um LinkedIn sem fanfics, e nasceu uma nova espécie de avatar entre os usuários da rede.

Além do personagem que vive mais reviravoltas em um dia do que a Ilíada completa, ganhamos o personagem que repete esses acontecimentos para atacá-los exaustivamente.

E existe solução, por acaso?

Outra máxima diz que, se você não faz parte da solução… você é parte do problema.

Atacar um inimigo comum é perfeito como porta de entrada para se apresentar aos inimigos de seus inimigos. Se focamos demais nisso, incentivamos a polarização e estamos a um passo de ataques pessoais.

Talvez, esse movimento seja novo no LinkedIn. Fora, certamente não é, e quem acompanha política sabe como pode ser bem perigoso.

Depois de um monólogo com mais de mil palavras discutindo sobre “apontar o dedo sem praticar”, não vou encerrar com o mantra de “você precisa escrever conteúdo real”.

Inclusive, foi por isso que evitei escrever este texto por algum tempo.

Se as fanfics eram a camada original e as anti-fanfics inauguraram uma sub-camada, agora, estaríamos no terceiro nível do subsolo.

Então, este artigo não é exatamente parte da solução.

E, se você quer uma frase de efeito antes de fecharmos, tenho mais perguntas que respostas.

Quando você escreve e compartilha algo com o mundo, o que você valoriza mais: o que tem a dizer ou a quantidade de pessoas que te aplaudiriam por dizer isso?

No que você prefere investir tempo e energia: criticando e reclamando de algo que não acredita, ou nas ideias que você acredita e defende com unhas e dentes?

Como você acredita que pode ajudar as pessoas aqui na rede?

Se quiser ir mais longe, como você quer ser lembrado?

Começando por aí, é uma bela forma de não esquecermos os bons conteúdos numa nota de rodapé — como vem acontecendo.

Antes que eles passem a ser tão utópicos quanto um LinkedIn sem fanfics.

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