Dimitri Vieira

Quando minha vida se tornou uma página em branco — e como isso me levou à lista dos Top Voices 2019

Quando minha vida se tornou uma página em branco — e como isso me levou à lista dos Top Voices 2019

Com a divulgação da lista dos Top Voices, hoje é um dia daqueles em que é inevitável ter um filme passando na minha cabeça.

E esse filme tem até frase de abertura:


“Eu vi que minha vida era uma vasta e reluzente página em branco, e que eu poderia fazer qualquer coisa que eu quisesse.”

— Jack Kerouac, The Dharma Bums — em português, Os vagabundos iluminados


Foi no mês de janeiro de 2015 que li esse livro. Assim que bati o olho nessa frase, voltei imediatamente para a folha de rosto do livro e deixei-a registrada ali mesmo.

Depois, fiz logo um post no Instagram para repassar a mensagem e, desde então, este curto trecho do Kerouac é o que venho ostentando como minha frase de efeito no perfil do Instagram.

Logo de cara, ela teve um impacto muito forte em mim. Só não fazia ideia do tamanho da importância que ela teria em alguns anos, mas chegaremos lá.

Antes, preciso te avisar que não pretendo transformar minha trajetória numa receita de bolo para o sucesso. Então, se você chegou até aqui esperando por uma lista de passos para se tornar Top Voice, tenho uma má notícia: você vai se decepcionar.

Até porque isso nunca foi um plano — como você logo vai ver.

Começando pelo sonho

Embora eu ainda encarasse o LinkedIn como uma mera plataforma de currículos e vagas online, os meses de agosto e setembro de 2017 foram cruciais para que, hoje, eu esteja publicando este texto.

Prestes a me formar em Engenharia Elétrica, comecei o oitavo mês de 2017 conquistando um estágio na minha área preferida: energia solar.

Era o meu grande sonho como estudante.

Enquanto contava os dias para receber meu diploma, iria trabalhar com o que mais gostava e, se tudo desse certo, seria efetivado na empresa.

Ela contava apenas com dois funcionários — o dono e eu — e isso me animou ainda mais. Era uma oportunidade de ouro para ter contato com todo o trabalho envolvido e adquirir uma experiência incrível.

Então, apostei todas as minhas fichas nisso.

E como um apostador de roleta em um dia de más escolhas, acompanhei a banca recolhendo cada uma dessas fichas.

O sonho que ficou no papel

Na prática, eu sequer vi ou toquei em algum projeto de energia solar.

Trabalhei apenas com tarefas extremamente repetitivas — como ligar para vários fornecedores até encontrar o melhor preço de uma arruela.

Meu chefe também não facilitava: me pedia A, cobrava B e, por fim, exigia C.

Por mais que eu encarasse o estágio como uma oportunidade para aprender e chegar no mercado de trabalho, para o meu chefe, era nítido que eu era apenas mão-de-obra barata. 

Com pouco mais de um mês, decidi que não havia futuro ali. Porém, o medo de me formar desempregado impediu que eu tomasse qualquer atitude.

Embora tenha me faltado a coragem para pedir o desligamento, graças à minha insatisfação, acabei dispensado com menos de dois meses de trabalho.

Meu plano perfeito para me formar empregado não passou de um grande devaneio e, agora, o medo do desemprego era gigantesco.

O pavor da página em branco

Sempre encarei uma formação acadêmica como o grande passo garantido para uma carreira de sucesso. De repente, isso desmoronou e minha vida se tornou uma vasta página em branco.

Não fazia a menor ideia do que estaria fazendo em alguns meses, além de ter visto um lado da engenharia e do universo corporativo para o qual não estava disposto a voltar.

Desde então, passei a admirar ainda mais as startups e cheguei a criar uma meta pessoal de trabalhar em uma após me formar, mesmo que fora da minha área profissional.

Era quase fim de setembro e eu continuava contando os dias para me formar, só que desempregado. O diploma não importava mais e, para ocupar minha mente, criei um compromisso comigo mesmo:

Eu continuaria dedicando, no mínimo, as mesmas seis horas diárias que estava comprometendo ao estágio de forma produtiva.

Assim, comecei a fazer uma infinidade de cursos online e dos mais variados temas: energia solar, logística, lean manufacturing, lean six sigma…

Até que uma amiga, a Mariana Albertini, me sugeriu um curso gratuito que a empresa onde ela trabalhava havia lançado: Outbound Marketing & Sales.

No final de outubro, eu comecei o curso e preciso confessar: não foi amor à primeira vista.

Os primeiros módulos foram maçantes demais para mim, porque existem muitos termos específicos no marketing, que eu — como um leigo caindo de paraquedas na área — não fazia a menor ideia do que se tratavam.

As cinco horas de duração do curso acabaram se estendendo por alguns dias, devido às inúmeras pausas e anotações que precisei fazer para compreender tudo. E quando concluí, gostei tanto que decidi pesquisar pelos cursos de outra empresa que o instrutor citava algumas vezes: uma tal de Rock Content.

Na época, não fazia ideia da repercussão que pesquisar por “Rock Content cursos” no Google traria para minha vida.

Fiz cada um dos cursos gratuitos como se estivesse maratonando uma série no Netflix. Quando terminei, acrescentei uma seção no meu currículo sobre Especializações em Marketing e passei a me apresentar como “entusiasta de marketing”.

Nesse curto período, entre setembro e dezembro de 2017, acumulei 182 horas de aprendizados em cursos online e passei a enxergar o marketing como um possível diferencial para os próximos processos seletivos que participasse.

Uma nova forma de encarar a página em branco

Logo no começo de dezembro, vi um anúncio — aqui mesmo no LinkedIn — para uma vaga de analista de marketing digital na Rock Content.

Ele não exigia formação acadêmica específica e os pré-requisitos eram justamente os cursos gratuitos que havia feito. Então, resolvi tentar a sorte.

Passei pela entrevista por telefone, pelo teste técnico e fui chamado para a entrevista com os gestores, Luiza Drubscky e Renato “Hank” Mesquita.

Nesse momento, já me senti extremamente realizado pelo simples fato de ser considerado para aquela vaga. Como tinha zero experiência na área, acreditava que seria eliminado no processo seletivo a qualquer instante.

No dia da entrevista, a Luiza Drubscky chegou me perguntar se eu havia feito algo que considerava impossível e eu contei para ela essa mesma história.

Só que o que eu considerava impossível não era a trajetória que percorri para estar ali. Era o simples fato de estar ali sentado, diante dos gestores do time de Marketing, que se interessavam mais pelo meu perfil e caráter profissional que pelo meu currículo.

Uma formação acadêmica não garante seu futuro, mas também não o define.

Esse foi o momento que vi a frase de Jack Kerouac tomando forma na prática. Ela fez mais sentido do que nunca e, sabendo que minha vida tinha se tornado uma página em branco, decidi fazer o que eu bem quisesse.

No fim das contas, eles tomaram a louca decisão de contratar um engenheiro sem experiência e apenas com algumas histórias para contar.

Time de Marketing da Rock Content em fevereiro de 2018.

Acabei transformando minha vida em pouco mais de três meses e, desde então, tudo o que aconteceu na minha carreira é um reflexo desse momento.

Embora eu tivesse o hábito de escrever antes disso, não publicava nada do que produzia. Eu simplesmente escrevia por escrever.

Então, muito provavelmente, não publicaria um texto na internet. Menos ainda no LinkedIn, que não passava de um currículo online para mim.

E o mais importante: não teria me encontrado na escrita.

Hoje, mesmo trabalhando com Marketing de Conteúdo, não encaro a escrita como um meio, mas um fim. Ou seja, continuo escrevendo por escrever — com a diferença que agora consigo viver disso.

A página em branco, que tanto me assustou, acabou se tornando uma companheira frequente na minha vida.

A incerteza do que viria no futuro se tornou a certeza de novidades.

E para cada novo desafio, incluindo os 63 artigos que me transformaram em Top Voice, o processo é o mesmo.

Sempre há risco envolvido em todo bom projeto. Por mais que o sucesso seja alcançável, o fracasso está logo ali, na espreita. E para sair do lugar, é necessário abraçar esse risco.

No início, não sei tão bem o rumo que as coisas vão tomar, mas não deixo de agir por isso.

Chego a hesitar por medo de possíveis críticas e erros.

Com muito estudo, pesquisa e ajustes, o trabalho vai tomando forma.

Após inúmeras revisões, chego ao final com novos aprendizados, experiências e histórias para contar.

Então, é o momento de virar a página.

Para encarar uma vasta, reluzente e nova página em branco.

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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