Dimitri Vieira

Síndrome do burnout: ser um workaholic pode (e vai) te levar ao esgotamento profissional

Síndrome do burnout: ser um workaholic pode (e vai) te levar ao esgotamento profissional

Algumas semanas atrás, vivenciei e senti na pele o que é chegar ao esgotamento profissional completo: me vi numa situação onde sabia o que precisava fazer, mas não tinha a mínima capacidade de fazê-lo.

Num misto de impotência e exaustão, consegui perceber todas as minhas habilidades cognitivas desaparecendo e a única coisa que fui capaz de fazer foi encarar a tela do computador por mais de meia hora. Esta mesma tela de computador onde agora decidi contar esta história.

E sabe qual a pior parte?

O único culpado por me fazer chegar a essa condição foi eu mesmo. Por um misto de projetos que acabei acumulando — dentro e fora do ambiente de trabalho —, ansiedade e um erro bastante comum aos dias atuais:

A romantização dos workaholics

Já reparou como, algumas vezes, nos sentimos orgulhosos por pular refeições e dormir menos horas para conseguir trabalhar mais? E como várias pessoas fazem questão de se vangloriar por situações assim como se fossem vantagens?

A busca pelo sucesso, pelo desenvolvimento profissional e pela realização financeira nos leva a ser workaholics e, para isso, acabamos abrindo mão da nossa qualidade de vida sem sequer perceber.

Dinheiro e excesso de trabalho são enxergados como status, enquanto tempo livre, muitas vezes, é visto com maus olhos. É por isso que alguém que se dispõe a trabalhar 60 horas por semana — mesmo em estado de burnout — é tido como um trabalhador dedicado e não como autodestrutivo.

Eu mesmo recorri a várias noites mal dormidas nos meus anos de faculdade para alcançar boas notas e fazer bons trabalhos.

E confesso também que meu artigo mais lido aqui no LinkedIn foi finalizado às 3:30 da manhã de uma quarta-feira em que trabalhei normalmente, após revisá-lo às pressas por volta das 8h antes de sair de casa.

A ideia de trabalhar num horário em que a grande maioria das pessoas não está trabalhando parece trazer uma sensação revigorante e de vantagem, como se estivéssemos tomando a dianteira de uma corrida ao largar na frente.

Essa sensação vicia. Porém, ela tem seu preço e a glamourização dos workaholics se torna extremamente perigosa, por incentivar o vício de trabalhar em excesso e esconder seus efeitos colaterais.

A síndrome do burnout

O esgotamento profissional acontece quando os fatores emocionais e físicos falam mais alto que os intelectuais, e seu rendimento acaba limitado pelo comprometimento das suas habilidades cognitivas.

O nome burnout vem da analogia com um motor que queimou toda a sua gasolina e, assim, se torna incapaz de dar a partida, por mais que tentemos insistir.

Existem vários graus de esgotamento antes de se chegar ao nível crítico que relatei na introdução; e vários sinais, como:

  • Insônia;
  • Ansiedade;
  • Problemas interpessoais mais frequentes;
  • Exaustão (mental, emocional ou física);
  • Dificuldade de prestar atenção, se concentrar e resolver problemas;
  • Dificuldade de se desligar do trabalho;
  • Hábitos não saudáveis que não eram comuns anteriormente.

É possível conviver com vários desses sintomas por muito tempo, como se nada estivesse errado.

Eu, por exemplo, acabei aprendendo a lidar com a insônia como se fosse algo natural e, mesmo dormindo menos de quatro horas por dia, ainda consigo ser bastante produtivo. Só que isso não pode se tornar um hábito.

O desafio do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional

Se você leu esse subtítulo disposto a discutir que não existe uma distinção entre os dois, muito provavelmente você vem falhando nesse equilíbrio, assim como eu.

E quando amamos nosso trabalho então, o dilema pode se tornar ainda mais complicado.

Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida.

Ou talvez:

Escolha um trabalho que você ame e não deixe de trabalhar um minuto sequer de sua vida.

Quando amamos nossa área de atuação, o trabalho se torna lazer, mas o lazer também se torna trabalho. E, por mais que a obrigação seja um hobby, o hobby também se torna obrigação.

Ou seja, a tendência em nos tornarmos workaholics é gigantesca e, assim, o esgotamento é uma mera questão de tempo — talvez ele até já seja uma realidade e falta apenas tomar conhecimento disso.

Como enfrentar o burnout

O primeiro passo é recuar e reconhecer o problema.

A minha crise de burnout, por exemplo,foi na véspera de publicar o artigo abaixo, que — ironicamente — ainda foi escrito no meu horário de almoço.

Foi nesse momento que entendi que precisava urgentemente priorizar alguns projetos, ao invés de abraçar todos como eu vinha fazendo.

Se você observar, vai ver que, depois de publicar esse texto, passei duas semanas em branco no LinkedIn após publicar — sem falta — um artigo por semana, desde o começo de Junho.

Então, esse acabou sendo meu próximo passo:

Aprenda a dizer não

Quando você diz sim para tudo, você está inconscientemente passando o controle de sua vida para as outras pessoas e, por consequência, acaba abrindo mão de sua qualidade de vida.

E se você é seu próprio chefe, não se deixe enganar. Com certeza, você é muito exigente consigo mesmo e também precisa aprender a dizer não a si próprio — o que pode ser muito mais difícil, acredite.

Não havia ninguém exigindo que eu deixasse de almoçar para escrever um artigo. Ninguém, além de mim.

Mas também não se torne uma máquina de dizer “não”, acusando falta de tempo constantemente. Esse é o outro extremo da situação e, a longo prazo, também pode ser problemático por falta de motivação e desafios.

Agora, o próximo passo envolve entender que:

Dar o seu máximo todos os dias não é o seu melhor

Nem para você, nem para sua empresa e nem para o seu chefe.

Levar trabalho para casa, pular refeições e perder o sono por causa de trabalho pode até fazer parecer que você ama o que faz.

Mas, com o tempo, você acaba extrapolando os limites emocionais e físicos, sua produtividade despenca e, eventualmente, pode chegar a ter uma crise de burnout.

Portanto, precisamos recorrer ao senso crítico para não transformar dedicação em obsessão.

Dessa forma, é possível sim trabalhar em horários não convencionais de maneira saudável. E aqui, voltamos ao desafio de encontrar o equilíbrio: quer saber qual a melhor forma que encontrei para fazer isso?

Leve sua vida pessoal a sério

Sabe a dedicação que você tem com o trabalho? De não perder prazos, bater metas e procurar se desenvolver constantemente? Tenha essa mesma dedicação com você próprio e com sua vida pessoal.

O equilíbrio entre o trabalho e a vida particular é, na verdade, uma oscilação.

Invista a mesma dedicação que tem com sua vida profissional em sua vida pessoal e você conseguirá entender em qual momento priorizar cada uma.

Assim, com o mínimo de investimento nos lugares certos, é possível transformar radicalmente a qualidade dos seus relacionamentos, do seu trabalho e da sua vida.

Meu nome é Dimitri, sou um workaholic em recuperação e este é o artigo que eu precisava ler algumas semanas atrás.

Acabei transformando este espaço em um confessionário e o simples ato de escrever este texto acabou sendo extremamente terapêutico para mim. Espero que ele também possa te ajudar de alguma forma.

PS.: Se você está sofrendo de esgotamento profissional, não deixe de buscar ajuda. Este artigo é um mero relato e pitaco pessoal!

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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