Dimitri Vieira

9 aprendizados que fizeram a Engenharia valer a pena (mesmo que não volte a atuar na área)

Após formar em Engenharia Elétrica e começar a trabalhar com Marketing Digital, fui bastante questionado sobre desistir da engenharia ou se arrependi da minha escolha de curso. Então decidi contar os principais aprendizados que fizeram a engenharia valer a pena, mesmo que nunca volte a atuar na área.
Aprendizados da Engenharia

Depois de mudar de área radicalmente, é normal que muitas pessoas pensem que decidi abandonar a engenharia, ou ainda que eu me arrependi do curso que escolhi. Mas a verdade é bem longe disso!

Não sei como você veio parar aqui, então, caso este seja o meu primeiro artigo que você lê, vou fazer uma breve recapitulação:

Formei em engenharia elétrica e hoje estou trabalhando com marketing digital. Você não imaginou que seria tão breve assim, não é? Mas se quiser saber de mais detalhes, eu contei como foi todo o processo nesse post.

E, durante minha formação acadêmica, aprendi muitas coisas que o marketing talvez não seria capaz de me ensinar. Provavelmente nenhum outro curso seria. Pelo menos não da forma drástica e rígida como foi na engenharia elétrica.

Pode ficar tranquilo, pois não estou me referindo a circuitos, eletromagnetismo ou projetos elétricos. E sem mais delongas, vamos lá:

1. Se você não desistir, sempre será recompensado

Funciona basicamente como o roteiro do primeiro filme do Rocky. Se você não assistiu, lá vem spoiler!

O personagem de Sylvester Stallone acaba perdendo a luta final, mas isso pouco importa, não é? Porque mesmo não vencendo, ele foi capaz de se provar como lutador e vira um verdadeiro herói para todos que acompanharam sua trajetória.

It really don’t matter if I lose this fight. It really don’t matter if this guy opens my head, either. ‘Cause all I wanna do is go the distance.

Preferi manter esse trecho em inglês pela dificuldade de encontrar uma boa tradução para going the distance. O termo refere-se a não ser nocauteado em uma luta de boxe, mas não se atém a isso.

Muitas coisas fogem ao nosso controle, mas faça sua parte, desafie-se a ir o mais longe possível, go the distance! E você será recompensado.

Mas não serei falso moralista com você, pois aprendi isso na marra e da pior forma possível: com meus próprios erros.

Ok, é sempre bom aprender com seus próprios erros, mas é ainda melhor aprender com os dos outros. Então, aproveite a oportunidade:

Cheguei a abandonar algumas disciplinas após ter um péssimo resultado na primeira prova e ter medo de não conseguir recuperar. Tanto medo que preferi abrir mão de tentar.

Depois de um tempo, entendi o seguinte: quando você vai até o final de cada disciplina, na pior das hipóteses, você já estaria aprendendo algo para te ajudar no próximo semestre. E na melhor das hipóteses, você se recuperaria heroicamente num caso perdido.

E isso não vale apenas para o universo acadêmico, mas para qualquer coisa na vida. Tudo o que for fazer, faça o seu melhor e vá até o fim. No pior cenário possível, vai se tornar um aprendizado, ou uma bela história.

Até hoje, lembro com bastante orgulho por uma nota que consegui recuperar. Após tirar 4/30 na primeira avaliação de uma disciplina, corri atrás do prejuízo e fui aprovado sem a necessidade de exame especial.

2. Faça seu melhor, sem se apegar aos resultados

Se você estiver fazendo algo em sua vida e não estiver dando o seu melhor, pare e se pergunte: por quê?

Se tivesse que resumir este artigo a ponto de publicá-lo no Twitter, escolheria esse trecho anterior.

Ouvi essa frase de um orientador que tive em Brighton, em 2015. Desde então, ela vem me motivando (e me atormentando) a sempre fazer o melhor possível em todas as áreas da minha vida.

Não quero que esse texto ganhe um tom excessivamente motivacional, do tipo pep talk. Então, não vou aprofundar mais nessa parte, mas acredito que já deu para pegar a ideia.

E sei que não é fácil dar sempre seu melhor e se manter motivado. Exatamente por isso, temos o próximo aprendizado:

3. Não se desespere nos momentos difíceis

Também vou manter as coisas simples por aqui. Sem discursos motivadores de intervalo de jogo.

Quando foi a última vez que se desesperar te ajudou a resolver algo em sua vida?

Talvez possa funcionar como um grito de ajuda para que alguém resolva o problema para você. Mas é isso que você realmente quer? E se ninguém te ouvir?

Então, sem desespero e fique tranquilo, pois tenho uma excelente notícia para você:

4. As coisas costumam piorar antes de melhorar

A engenharia serviu como um excelente exemplo prático desse ensinamento, mas quem realmente me ensinou isso foi o Batman!

Todo curso tem sua fase mais escura e, no caso da engenharia elétrica, foi o quinto período. Encarei disciplinas como Controle de Sistemas Lineares, Eletrônica e Eletromagnetismo, e apanhei demais!

Recuperando a analogia do Rocky, fui nocauteado algumas vezes até aprender a revidar os cruzados do quinto período.

Mas quando finalmente aprendi, as coisas começaram a fazer mais sentido: as disciplinas passaram a ter um significado menos abstrato e já comecei a enxergar a luz no fim do túnel. Ou se preferir, o amanhecer.

E é essa a mensagem que quero te passar aqui: quanto mais difícil e desafiadora estiver a sua rotina, mais próximo você está do sucesso.

Mas, além de não se desesperar e entender esta analogia da madrugada, precisamos também aprender a lidar com quebra de expectativa.

5. Esteja preparado para o que der e vier

Lembra do 4/30 que te falei? Pois então, acredite se quiser, eu estudei para essa prova. Até mais do que gostaria de admitir, para justificar minha nota.

Porém, foi um dia daqueles em que nada dá certo e, no fim, você chega à conclusão de que teria sido melhor nem sair da cama.

Isso é quebra de expectativa!

E temos vários filmes e séries, com finais inesperados e odiados pelo público, para demonstrar que ainda não sabemos lidar com isso. Poderia fazer uma lista aqui para reforçar meu ponto, mas como já dei spoiler de Rocky, achei melhor evitar.

E aqui entra um termo que está bastante na moda: resiliência. Tenho certeza que você já teve contato com ele em algum processo seletivo, ou alguma tatuagem que viu por aí.

Ao pé da letra, essa palavra significa voltar ao estado normal. Pode ser depois de sofrer uma deformação, uma pressão emocional ou enfrentar uma quebra de expectativa. É chegar em casa depois de um 4/30 e ainda conseguir estudar para a prova do dia seguinte.

Ser resiliente é entender que seus resultados passados, por mais recentes que sejam, não irão interferir no que você vai fazer hoje. Ou nas palavras do Chuck Palahniuk:

Agora você vai me contar a sua história (…) Escreva tudo. Conte a história um monte de vezes. Conte a sua história durante toda a noite. Quando você compreender que o que está me contando é apenas uma história… não está mais acontecendo… quando você perceber que a história que está me contando não passa de palavrório… quando puder simplesmente amassar tudo e jogar seu passado na lata de lixo, então poderemos descobrir o que você vai ser.

Mas não basta resiliência e estar disposto a se esforçar. Se você não sabe estudar, você ainda não vai reverter um 4/30.

6. Aprenda como aprender

Quando foi a última vez que você aprendeu algo simplesmente porque queria aprender?

Estudar para ser aprovado numa disciplina, ou por pressão de seu chefe, pode trazer bons resultados. Mas fazê-lo por seu próprio interesse sempre trará resultados muito melhores!

É por isso que o decoreba só funciona até certo ponto. E se torna cada vez mais falho com o aumento da complexidade dos assuntos.

O filme indiano 3 Idiots levanta várias discussões acerca desse assunto e vários outros do universo da engenharia. Uma das minhas citações favoritas sobre querer aprender vem dele:

Estude para ser realizado. Busque a excelência e o sucesso vai te perseguir.

Aproveitando que estamos falando sobre o filme, deixo também a imagem abaixo para relembrar outro excelente trecho do longa-metragem. E já deixar no ar um gancho para o último (e mais polêmico) aprendizado, que está por vir.

Mas o próximo aprendizado diz respeito à simplicidade e eficiência:

7. A melhor solução muitas vezes é a mais simples

Você já ouviu falar sobre a caneta desenvolvida pelos americanos para os astronautas utilizarem no espaço? O projeto custou cerca de 2 milhões de dólares e levou 2 anos para ser desenvolvido.

Todo esse esforço e dinheiro poderiam ter sido poupados. Bastava recorrer ao bom e velho lápis.

Tudo bem que a caneta foi uma solução muito mais elegante e previne que haja várias pontos de lápis quebradas flutuando em meio às tripulações. Mas será que valia mesmo a pena todo o investimento feito?

Um dos mais célebres professores da UFMG costumava dizer: “por que você vai complicar, se pode resolver a disciplina de uma forma muito mais fácil?”

E quando somos contratados para desempenhar qualquer trabalho ou função, somos selecionados para resolver problemas de forma eficiente, eficaz e rápida. Nessa ordem.

Se for uma solução barata, entra como bônus. Mas se houver um concorrente que faça o mesmo trabalho que você te superando em um dos três aspectos, eventualmente ele vai roubar seu lugar. Seja sua vaga, ou seu mercado.

É exatamente por isso que precisamos sempre nos manter atualizados, estudando sobre nossa área de trabalho e procurando novas formas de melhorar.

Algumas vezes, porém, trabalhar sozinho não é o suficiente.

8. Trabalhar em equipe para superar problemas complexos

Não estou dizendo que “quem não cola não sai da escola”, nem nada similar.

Mas algumas pessoas vão interpretar assim e elas trabalhavam incrivelmente bem em conjunto. Então, até na cola a engenharia é capaz de te ensinar.

Porém, quando falo em trabalhar em equipe me refiro ao seguinte:

  • os vários grupos de estudo e de trabalho montados;
  • as várias horas gastas em laboratórios e fora dos horários de aula, para fazer um projeto funcionar;
  • e as chamadas de voz que chegavam a durar horas, para revisar as matérias em véspera de prova.

Acredito fielmente que ninguém forma na engenharia elétrica sozinho. Então, se você fez qualquer disciplina comigo, fica aqui o meu muito obrigado!

E como isso aqui não é um santinho de formatura, vamos logo ao último aprendizado, que somente descobri na minha colação de grau.

9. Como lidar com qualquer chefe ou patrão

Durante a faculdade, temos contato com professores de todos os estilos e características possíveis! Alguns se sobressaem positivamente e outros, negativamente.

Se os que se destacam de forma positiva contribuem para nossa formação acadêmica e aprendizado, os “não tão bons” nos preparam para encarar qualquer chefe no mundo corporativo!

Antes que alguém leve para o lado pessoal, é claro que existem excelentes patrões. E eu tive a honra e a felicidade de trabalhar com vários assim na minha trajetória de estágio, iniciação científica e no Marketing.

Mas vamos aceitar que, assim como há exceções para todas as regras, existem chefes “não tão bons”.

Recentemente, durante minha colação de grau, aprendi, por meio do discurso de um professor, que os professores mais fracos são colocados na faculdade por um motivo:

Precisamos que haja alguns percalços e obstáculos em nosso caminho. Afinal, se a vida acadêmica toda fosse um asfalto liso e recém inaugurado, ela não nos prepararia para a realidade profissional que devemos enfrentar.

Foi então que descobri que eu passei a faculdade idolatrando os professores errados. Assim, para corrigir isso, gostaria de deixar meu muito obrigado para aqueles que:

  • Colocaram uma fórmula errada na prova;
  • Não tinham uma dicção tão boa;
  • Preferiram me ensinar a fazer bolo a dar aula (perdão pela piada interna);
  • Exigiram muito mais na prova do que ensinaram.

Diante dessas adversidades, acabei crescendo como pessoa e desenvolvi várias características que me prepararam para o universo corporativo: paciência, perseverança, resiliência e autoconfiança são alguns exemplos.

E esses foram os 9 aprendizados que fizeram com que valesse a pena ter feito engenharia, mesmo que eu não volte a trabalhar nessa área novamente. Sentiu falta de algum ou discorda de algo? Deixe sua opinião nos comentários e vamos conversar!

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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