Dimitri Vieira

7 lições e técnicas de escrita inovadoras que aprendi com Chuck Palahniuk, o autor do Clube da Luta

Após ler grande parte da bibliografia de Chuck Palahniuk e escutar vários podcasts sobre o autor, separei o que aprendi de mais diferenciado. Dicas inovadoras a ponto de mudar minha forma de escrever e enxergar as narrativas. E que poderão mudar a sua também.
7 lições e técnicas de escrita inovadoras que aprendi com Chuck Palahniuk, o autor do Clube da Luta

Uma das melhores formas de aprender mais sobre a escrita e a arte de contar histórias é lendo, relendo e desconstruindo suas obras preferidas, prestando atenção não apenas na história, mas na estrutura narrativa e nas técnicas utilizadas.

Foi o que acabei fazendo — não intencionalmente — com a bibliografia do Chuck Palahniuk pelos últimos 7 anos, desde que li Clube da Luta e ele começou a se tornar meu autor favorito.

Nesta pilha, ainda faltam alguns livros, como Monstros Invisíveis — atualmente emprestado — e alguns outros que tenho apenas a versão digital.

Entre essas versões digitais, está o livro que foi a principal inspiração para este texto. Já imaginou se o seu escritor preferido resolvesse se dedicar a desconstruir suas próprias obras para te ensinar a escrever melhor?

Foi exatamente o que o Chuck fez no ebook 36 ensaios de escrita.

No início da sua carreira, ele aprendeu muito em workshops de escrita e, por isso, se dedica em fazer o mesmo ao promover vários eventos desse tipo. Entre 2004 e 2006, ele decidiu fazer um workshop em escala ainda maior via email.

Todo mês, era enviada uma lição específica sobre escrita para todos os assinantes de sua newsletter e, ao final, nasceu o livro digital reunindo todos os tópicos abordados.

Após ler cada uma das 36 lições e grande parte de sua bibliografia, além de escutar várias entrevistas e podcasts sobre o autor, separei apenas o que aprendi de mais diferenciado com ele.

Lições e dicas inovadoras a ponto de mudar minha forma de escrever e enxergar as narrativas. E que poderão mudar a sua também.

Sem mais delongas e respeitando a primeira regra do Clube da Luta sem precisar relembrar a segunda. A partir de agora, falaremos do que o Chuck Palahniuk tem para ensinar de melhor para escritores e redatores.

1. Estabelecendo autoridade

Autoridade é um dos pontos mais importantes em um conteúdo.

A partir do momento que você consegue estabelecê-la em um texto, o leitor passa a confiar e acreditar em você. E você pode levá-lo a qualquer lugar que deseja com a sua escrita.

Existem duas maneiras de se fazer isso: apostar na honestidade e na franqueza, ou demonstrar conhecimento. Como o autor define: coração vs mente.

Na primeira forma, você descarta o papel de herói e revela algo que faz você assumir a função de tolo: uma fraqueza, uma falha ou uma paixão, por exemplo.

Com esta vulnerabilidade, o leitor se torna emocionalmente envolvido e, ao mesmo tempo, se desarma, pois fica claro que a história contada não será sobre você se vangloriando de conquistas.

O segundo método exige provar ao seu interlocutor que seu trabalho e sua pesquisa foram bem feitos o bastante para te tornar apto a falar sobre o assunto. Ele não engata uma conexão emocional e deve focar em ser convincente.

2. Saia da sua zona de conforto ao escrever

O principal ponto e desafio em escrever é guiar você próprio a locais em que jamais iria voluntariamente. Somente assim você será capaz de fazer o mesmo com o seu leitor.

Apenas saindo de sua zona de conforto, você conseguirá produzir um conteúdo capaz de impactar o seu leitor de maneira única e inesquecível, fugindo do overload de informações em que vivemos.

3. Não fale, mostre. E transmita sensações

Uma coisa é engajar o leitor mentalmente e fazê-lo imaginar ou considerar algo. Alcançar uma conexão emocional a ponto de fazê-lo se imaginar na história é outro nível.

E não se alcança isso com palavras abstratas descrevendo dor ou prazer. É preciso transmitir isso com detalhes que sejam capazes de recriar a situação na mente do interlocutor,

Um bom contador de história consegue chamar sua atenção. Um melhor é capaz de colocar você em seu lugar. Mas um excelente consegue fazer você sentir cada pedregulho, percalço e obstáculo pelo caminho, enquanto mantém você esperançoso pela redenção ao final do trajeto.

Chuck ainda nos apresenta a seguinte frase:

“Quando uma pessoa comum fica doente, ela toma remédios. Quando um escritor fica doente, ele toma notas.”

Portanto, a próxima vez que tiver uma dor de cabeça, por exemplo, faça o teste de registrar as sensações em um inventário. Quando você precisar descrevê-la em um texto, a descrição será real a ponto de transmiti-la para o leitor.

4. Escreva como as pessoas falam

Existem basicamente três formas de comunicação:

  • descritiva: “o livro foi escrito de forma que a dor do personagem transmitisse uma identificação com leitor”;
  • instrutiva: “escreva de forma a despertar a identificação do seu leitor a partir da dor do personagem”;
  • expressiva: “ouch!”

Qual das três você deve utilizar? Todas, pois é assim que as pessoas conversam no dia a dia.

É claro que deve haver um bom senso e moderação, principalmente no uso da linguagem expressiva, ou você acabará transformando seus textos em histórias em quadrinhos.

Também vale a pena evitar escrever apenas na linguagem instrutiva, ou seu conteúdo ganhará um tom autoritário.

5. Escondendo uma arma

Entre todas as técnicas, essa foi a técnica que mais impactou a forma como interpreto novas histórias.

É um método extremamente sutil e eficaz baseado em soltar uma frase ou informação de maneira despretensiosa, mas que terá enorme impacto no desenvolvimento e pode ser uma pista de um plot twist.

Eu sei disso porque Tyler sabe disso.

Isso é esconder uma arma: você apresenta algo que é esquecido e depois volta para contribuir com a resolução da história contada.

Em enredos e tramas longas, fica mais fácil trabalhar com esse artifício. Mas também conseguimos utilizá-lo, como um aviso disfarçado, em artigos curtos que contenham alguma surpresa ou quebra de expectativa.

Quer um exemplo prático? Eu tenho dois para você conferir:

6. Submergindo o “eu”

É comum que conteúdos narrados na primeira pessoa, ou de cunho pessoal, sejam recheados do pronome “eu”.

Intencional ou não, além de ficar cansativo e repetitivo, a sensação transmitida é de que o texto foi escrito com o propósito de ostentar conquistas e satisfazer o ego do escritor.

Essa sensação é uma das maneiras mais eficazes de deixar seu leitor na defensiva, ou até mesmo de incentivá-lo a abandonar seu conteúdo sem sequer passar da introdução.

Para não deixar isso acontecer, corte os “eus” ao revisar. Use o sujeito oculto sempre que possível, ou refaça a frase para trocar por “meu”, “minha”, “mim” e você verá que fica mais sutil.

Ao contar sua história, afaste o máximo possível a câmera de você. Afinal, storytelling não é sobre você, mas sobre seu interlocutor e como ele se identifica com seu conteúdo.

7. Coloque sua mente para trabalhar a seu favor

Enquanto estamos acordados ou mesmo sonhando, todos temos o que algumas culturas chamam de “Macaco Mental”, que fica batucando e tagarelando enquanto tenta encontrar sentido em cada evento presenciado.

Aquela voz que revive, remói e até reencena nossos momentos vividos.

Ao aceitar a existência dessa voz, é possível utilizá-la a seu favor para praticar e se tornar um contador de histórias melhor ao ser mais observador e presente. Além de ser capaz de transmitir sensações específicas ao seu leitor de forma eficaz e criar identificações imediatas.

Dessa forma, em vez de deixar “Macaco Mental” te perturbar ou desconcentrar, force-o a fazer algo produtivo e que pode ser explorado em novas histórias e conteúdos.

O que você achou dessas dicas? Conhece algum outro autor tão inspirador quanto o Chuck? É só dizer nos comentários!


*Artigo originalmente publicado em comunidade.rockcontent.com.

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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