Dimitri Vieira

Muito se fala em medo de fracasso e rejeição, mas e o medo do sucesso?

Com o fracasso, nós estamos perfeitamente familiarizados e habituados. Com o sucesso, não. Será que você tem medo de falhar ou de ser bem-sucedido?
Muito se fala em medo de fracasso e rejeição, mas e o medo do sucesso?

Qual é o seu maior medo? Aranhas, altura, morrer, fracassar, ser rejeitado, ou ter sucesso?

Parece tolo incluir sucesso nessa pergunta. Afinal, ser bem-sucedido é um dos principais desejos de todos nós, mas esse medo é o que acaba estagnando a carreira de muitas pessoas. Sabe por quê?

Porque, quando você teme ser bem-sucedido, esse medo passa despercebido como procrastinação ou insegurança e você acaba nem tentando. Seja lá o que você quer fazer: mudar de carreira, começar um novo projeto, ou escrever um artigo. Você nem sequer tenta.

Mas por que temos medo do sucesso?

Lidar com o fracasso é muito mais fácil

Com o fracasso, nós estamos perfeitamente familiarizados e habituados. Ele se relaciona diretamente com nossas batalhas do dia a dia – ou a clássica “correria” – e com os altos e baixos da vida.

Com o sucesso, não. Ele cria altas expectativas e riscos, além de representar o desconhecido. E é absolutamente normal temer o que não conhecemos.

Afinal, o medo, em pequenas doses, funciona bem e te motiva a agir. Porém, em grandes doses, ele se torna fobia e te deixa imóvel. E não consigo imaginar um único cenário em que a incapacidade de agir seja favorável.

Nem preciso te falar que, se você não tentar, jamais vai se desenvolver, melhorar na carreira, ou ser bem-sucedido. Isso é um clichê clássico da auto-ajuda. Mas como reconhecer que você teme o sucesso?

Existem inúmeras características que podem te fazer se identificar com esse cenário. Contudo, como este artigo é uma reflexão e não um diagnóstico completo, vou me ater às cinco a seguir:

1. O perfeccionismo

Não falo do principal defeito que quase todo candidato aponta (ou apontava) ter numa entrevista de emprego. Falo do perfeccionismo de verdade, quando você não consegue agir até que tudo esteja perfeitamente planejado e exista um plano B para cada possível erro.

E te afirmo o seguinte: todos nós temos um traço de perfeccionista, por menor que seja.

Já reparou que, ao começar um projeto, sempre imaginamos e nos preocupamos com o pior cenário possível?

Ok, é uma atitude realista e nos prepararmos para lidar com o pior pode ser saudável, ou até mesmo uma medida preventiva necessária. Mas por que não imaginar também o melhor cenário possível?

Talvez porque, no fundo, não nos achemos merecedores do sucesso. Já ouviu falar no termo a seguir?

2. A síndrome do impostor

Ela é um fenômeno psicológico em que você não consegue assimilar seus próprios méritos, causando uma constante sensação de incapacidade, ou mesmo inadequação.

Não é uma mera questão de auto-estima ou excesso de humildade, mas sim de ser realmente incapaz de reconhecer seus próprios dons, virtudes e talentos. Mesmo quando reconhecido e elogiado por eles.

Ou seja, com essa síndrome, por mais que você trabalhe duro, você tem uma enorme dificuldade de reconhecer suas próprias conquistas e tem um medo constante de que, em qualquer momento, será desmascarado como uma fraude.

Esse temor, assim como o perfeccionismo, pode te levar a não agir, ou pior:

3. A autossabotagem

Sabe quando você tem uma oportunidade de ouro ou está fazendo algo que vem rendendo excelentes resultados e, de repente, você simplesmente para?

Ou mesmo quando pronuncia frases como: se eu quisesse, ou pudesse, ou tivesse tempo, eu conseguiria?

Isso é autossabotagem. E todos nós somos mestres nessa arte, infelizmente.

“Somos especialistas em autosabotagem. Ficamos nos culpando, por exemplo, quando alguém simplesmente vai embora sem se despedir, pelo trabalho que não está dando certo, pelo projeto que teve caminhos não esperados. Vivemos com um sobrepeso das bagagens que carregamos na vida, andando com um fardo extra nas costas. Como se todas as contingências da vida, sejam elas positivas ou danosas, fossem exclusivamente nossa incumbência e responsabilidade. (Murillo Leal)”

E esse nosso “mestrado” é bastante devido ao fato de estarmos acostumados ao próximo sintoma:

4. O vitimismo

Ele se associa facilmente ao conformismo, pois, conforme conversamos, já estamos habituados ao fracasso e é sempre mais fácil nos mantermos na zona de conforto do que agir.

É mais fácil nos fazermos de vítimas e reclamarmos da atual situação do que tomar uma atitude. Assim como é mais fácil reclamar do mercado de trabalho do que buscar nos reinventarmos para buscar melhores oportunidades.

E novamente, chegamos ao ponto onde agir significa encarar o desconhecido, mas também lidar com o próximo tópico:

5. O medo de ser criticado

Ou o medo dos holofotes. Ou da exposição.

Não são exatamente a mesma coisa, mas os três estão extremamente relacionados. Todos dizem respeito ao medo de alcançar o sucesso e ser incapaz de corresponder às expectativas.

É comum para todas as profissões, mas é ainda mais intenso para quem lida com uma exposição maior. Como, por exemplo, usuários do LinkedIn que decidam publicar artigos.

Uma crítica pode significar que não cumprimos nosso propósito, ou objetivo, e que fracassamos. Ou pode significar também que temos algo a melhorar. Isso depende apenas da forma escolhida para encarar o que foi dito.

E quer saber com quais das cinco características eu me identifico?

Com todas. Mas principalmente com o medo de ser criticado e com a síndrome do impostor.

Sempre que publico um artigo, fico aflito com os primeiros comentários e tenho certeza que, de alguma forma, alguém vai surgir me desmascarando e comprometendo a credibilidade que construí até aqui.

E somente me tranquilizo após ler os primeiros comentários e ver que isso não aconteceu.

Por exemplo, meu primeiro artigo destacado pelo LinkedIn foi O mito da produtividade e o hack que mudou a minha vida. Quando terminei de escrevê-lo, tinha certeza que ele teria uma repercussão péssima e, muito provavelmente, acabaria me rendendo umas boas críticas e haters.

Pois exploro bastante a quebra de expectativa nele e, no geral, esse recurso costuma gerar desapontamento e até mesmo raiva nas pessoas. Principalmente em séries. Basta lembrar do final de How I Met Your Mother.

Então, escolhi pagar para ver e, quando o publiquei, fiz questão de acompanhar em tempo real os primeiros comentários e acabei me surpreendendo. Pois ele atraiu apenas uma crítica — em que concordei com o leitor — e zero haters.

Não superei esse medo, apenas passei a encará-lo como algo natural e aprendi o seguinte:

“ Liberdade é ser detestado por outras pessoas. Ser detestado prova que você está exercendo sua liberdade e vivendo em liberdade, é sinal de que está vivendo de acordo com os próprios princípios. (* A Coragem de Não Agradar, Ichiro Kishimi e Fumitake Koga)”

Isso não significa que você deve tentar fazer com que as pessoas te odeiem. Apenas que, se acontecer, tudo bem, é sinal de que você se posicionou e defendeu seu ponto de vista. E é absolutamente natural que aconteça.

Afinal, eu não estou aqui para tentar agradar todo mundo e acredito que você também não.

Agora chegou o momento onde eu deveria te falar como superar o medo do sucesso, certo?

E aqui, você vai me desculpar, mas não tem como fugir muito do óbvio com a mensagem final. Porém, ainda posso escolher a melhor forma de transmiti-la:

E quando tentar outra vez, tenha perfeita consciência de que você será criticado. Até mesmo julgado. Principalmente se sua ação ou mudança for mais drástica.

E não tem problema algum, pois, além da liberdade de ser detestado (ou criticado) entenda que:

“ O mundo que ainda sonha diria que ficamos loucos. Essa gente que ainda está na cama, que ia dormir mais uma hora, depois ia lavar o rosto, as axilas, e entre as pernas antes de sair para o mesmo trabalho para o qual ia todos os dias. Que vivia a mesma vida todos os dias. (* Assombro, Chuck Palahniuk)”

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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