Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas é um romance, dirigido por Tim Burton, com toques de drama e de comédia. A trama segue a vida extraordinária de Edward Bloom, desde seu nascimento até seus últimos dias, através de flashbacks e muito storytelling!
Não. Aqui não é facebook. Nem um site de resenha de filmes. Mas se você conhece o storytelling, já sabe que essa habilidade é essencial para diversos momentos de sua carreira.
Pode ser numa apresentação de slides, ou até mesmo numa entrevista de empregos. A sua capacidade de narrativa pode e vai fazer a diferença. Afinal, é sempre mais fácil lembrarmos de um fato quando ele é ancorado em uma história.
E quer uma maneira melhor para aprender algo do que vendo isso sendo feito na prática em um filme?
Neste artigo, vou te mostrar como o storytelling é usado com maestria nesse filme, tornando-o muito mais interessante, sonhador e desafiador. Se você ainda não viu o filme, já aviso que haverá spoilers!
Se você viu e gostou, te convido a relembrar algumas histórias com este artigo. E, caso não tenha gostado, leia até o fim, pois prometo desvendar vários aspectos lúdicos do filme e te fazer enxergá-lo com novos olhos.
Mas antes de aprofundarmos no longa metragem, precisamos definir:
O que é storytelling?
Storytelling é a arte de contar boas e relevantes histórias em seus conteúdos. Afinal, é sempre mais fácil lembrarmos de um fato quando ele é ancorado em uma história.
Mas para produzir bons relatos, alguns elementos são cruciais:
- Gerar conexão com o leitor;
- Ótimos personagens;
- Apresentar um conflito (que será resolvido);
- Gerar surpresa;
- Inspirar o leitor (ou incentivar uma ação positiva);
- Ter começo, meio e fim.
Para isso, é necessário entender também que você deve escrever para encantar o seu público, não você mesmo. Ao compreender bem sua persona, você será capaz de criar personagens e tramas que serão fascinantes para sua audiência.
E se, assim como eu, você é fascinado com storytelling, é certo que as maravilhosas histórias do Peixe Grande irão te cativar.
Mas não confunda narrativa com storytelling! Toda narrativa é uma técnica de contar histórias, mas a recíproca não é verdadeira. Existem três maneiras de utilizar esse método em seus conteúdos:
1. Storytelling como parte do conteúdo
Dentro de um conteúdo, você pode utilizar uma história como exemplo para uma situação que você deseja explicar. Como por exemplo, o nosso post no Marketing de Conteúdo: Conheça o fator de SEO que pode colocar o seu blog no topo do Google em 2017.
“Bucket brigade é uma expressão que teve origem nos primeiros combates a incêndio (provavelmente na Inglaterra). Uma pessoa passava um balde para a outra e assim por diante, até chegar na que estava mais perto do fogo. Mas como aplicamos isso para o marketing de conteúdo?”
2. História usada como estrutura do conteúdo
O seu conteúdo pode ser estruturado com base em uma história. No caso de tirar a dúvida do leitor, você usa desde a conversa da dúvida até a descoberta da solução estruturando o seu conteúdo. Um bom exemplo é nosso post sobre como criar um blog, também no Marketing de Conteúdo.
3. Conteúdo é a história
Aqui você terá uma narrativa completa, desenvolvida e com personagens. Podem ser histórias reais ou fictícias, ou até mesmo cases de sucesso.
É exatamente nessa categoria que o filme se encaixa. E, se você quiser aprofundar mais na técnica de storytelling, temos disponível um webinar com o André Mousinho, nosso principal especialista em Marketing de Conteúdo e SEO.
Nessa aula ele vai te ensinar, inclusive, sobre o arquétipo do herói por trás de todos os mitos e os 12 passos de sua jornada. Além das similaridades da trajetória do herói com a sua e a do cliente!
Esse webinar foi feito no ano passado e eu acabei assistindo antes mesmo de cogitar entrar na Rock. Hoje, eu sou suspeito para indicá-lo, mas recomendo demais que você assista para aprender mais sobre o assunto.
E sem mais delongas, vamos ao filme:
Sobre a trama
Todos os eventos na vida de Edward Bloom, o protagonista, são marcados por algum evento mágico. Desde seu nascimento, quando é literalmente arremessado no parto até o momento em que viaja com um gigante, por exemplo.
Todas as histórias contadas por ele não necessariamente são verdadeiras, mas elas contêm verdades. E seu filho, William, descontente por não conseguir distinguir a ficção da realidade e decifrar a história de vida de seu pai, acaba se desentendendo com ele. E o filme então busca reconciliar pai e filho.
Esse é o conflito e essa é a trama. Bem simples, não é mesmo? Mas a beleza está na forma lúdica como tudo acontece, como se os acontecimentos fossem narrados pelos olhos mágicos e otimistas de uma criança.
Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
Os acontecimentos que narram a vida do protagonista são verdadeiras fábulas. Ou, se preferir, verdadeiras lendas folclóricas do século 21, que incluem:
- sereias e gigantes;
- uma jovem inocente que se torna uma bruxa, desrespeitando completamente a ordem cronológica dos eventos;
- um poeta que se torna um ladrão de bancos e, posteriormente, um multimilionário;
- um dono de circo que se transforma em lobisomem (muito antes do Wolverine entrar para o show business);
- uma cidade que se assemelha ao jardim do Eden;
- e, finalmente, um contador de histórias que se transforma em um peixe.
Os flashbacks são utilizados com maestria para manipular a ordem cronológica dos eventos e o filme chega a sugerir tempo cíclico, em uma ocasião ou outra. Mas como interpretar as fantasias de Edward Bloom?
Vamos analisar uma das principais histórias e que dá nome ao filme. Logo no começo, somos apresentados à fábula do peixe grande: enquanto seu filho nascia, Edward tentava pescar o maior e mais lendário peixe em todo o Alabama, um verdadeiro monstro que não podia ser capturado.
Quando ele percebe que o peixe estava, na verdade, grávido e era fêmea, o protagonista consegue pescá-lo usando uma aliança como isca.
E já deixa como moral que, para conquistar uma mulher inconquistável, uma aliança pode fazer o truque — mas desde que seja aliada ao ato de se importar e muita dedicação. Logo nesta cena, ainda não fica tão claro, mas ao longo da história fica evidente, na devoção por sua esposa, que a aliança é apenas um gesto.
No decorrer da história, fica claro que essa história toda do peixe foi apenas inventada para compensar o fato de Edward não ter comparecido ao nascimento de seu filho. E, então, surgem as pistas de que o peixe era ele próprio:
- Quando jovem e enfrentando um crescimento desenfreado, o personagem principal lê um trecho sobre o peixe-dourado, que num aquário pequeno o seu crescimento é restrito. Mas em um ambiente maior, ele cresceria em proporções absurdas. E assim, ele já descobre que estava destinado a grandes feitos;
- A constante sede e vontade de ficar na água de Edward Bloom;
- A cena final, que merece um detalhamento maior que uma lista e será abordada em seguida.
Várias cenas e histórias são verdadeiras obras-primas e já fazem valer a pena assistir ao filme. Como a cena em que o protagonista encontra sua futura esposa pela primeira vez e o tempo para, literalmente:
Ou a cena do campo de narcisos:
Mas a cena final é um espetáculo à parte:
Na maca do hospital, em seus últimos minutos, Edward Bloom pede a seu filho que narre para ele como seria sua partida. Resistente e incrédulo, ele cede com insistência de seu pai e então narra uma fuga do hospital nos melhores moldes do protagonista.
Após sair do hospital e com seu pai sedento, como sempre, eles pegam o carro e rumam para o rio. E lá, encontram todos os personagens das fábulas de Edward: desde sua esposa até o gigante, literalmente todos estavam presentes para se despedir. Então, Will carrega seu pai nos braços até o rio e ele se torna o que sempre foi:
Você já escutou uma piada tantas vezes, que se esqueceu o motivo de ser engraçada? Então, você escuta outra vez e, de repente, ela se torna engraçada de novo. Você se lembra porque adorou ela na primeira vez. Essa foi a piada final do meu pai, eu acho: um homem conta as suas histórias tantas vezes que ele se torna suas histórias. Elas continuam vivas após ele partir e, dessa forma, ele se torna imortal.
Então, pai e filho se reconciliam, no momento em que fica evidente que o poder da criação de narrativas e contação de histórias, semelhante ao storytelling, havia sido passado para a próxima geração.
E William reconhece que a visão de mundo de seu pai mostra que cada situação descrita pode ser desproporcional à realidade, porém não torna nenhuma irreal e ainda pode deixá-la muito mais fascinante.
Ficando como lição final do filme que o poder do storytelling é tanto que pode te tornar imortal.
O filme também deixa várias lições de vida valiosas, mas aí já é assunto para um outro artigo…
E você, tem algum filme que ensinou alguma lição importante? Me conta nos comentários e vamos continuar essa discussão! 😉
Artigo originalmente publicado no blog da Comunidade Rock Content.