No Marketing, temos a ideia bem clara de um perfil ideal que queremos atrair como cliente e, quando alguém fora desse perfil não se interessa pelo produto, seguimos a vida sem maiores dificuldades.
O problema é que, ao tratar de algo pessoal, temos dificuldades de enxergar a situação com a mesma leveza.
Por um bom tempo, adiei começar a publicar conteúdos regularmente no LinkedIn. O motivo? Medo da exposição e de possíveis críticas que poderia receber.
Hoje, algumas pessoas me procuram para entender como superar isso e a verdade é que o clássico frio na barriga de ansiedade pelo primeiro comentário nunca passa. Sempre existe uma certa dúvida sobre como os textos serão recebidos.
O que mudou é a forma que encaro esses feedbacks. E é sobre isso que vamos falar agora.
Entenda que o seu trabalho não é para todo mundo
Ao trabalhar com criatividade, constantemente nos desafiamos a inovar e testar coisas diferentes para resultar em algo original. Nesse processo, chegamos a nos perguntar:
Quem pode não gostar deste conteúdo?
Então, é comum decidirmos polir o material para evitar desagradar possíveis leitores. Fazemos tudo o que estiver ao nosso alcance para escapar de críticas e, assim, abdicamos de desenvolver nosso melhor trabalho.
Em vez de transmitir a mensagem que gostaríamos de passar, acabamos adaptando-a para agradar a todos. E depois de tanto lixar e polir, ela assume uma cara tão genérica que mal pode ser reconhecida.
Considerando o objetivo final do Marketing e da escrita como espalhar ideias, colocamos tudo a perder pelo medo de sermos criticados por alguém que nem conhecemos.
“A pessoa que não se dá mais valor está à mercê da vontade de qualquer um. (A Revolta de Atlas, Ayn Rand)”
Aprenda a abraçar as críticas
Como você bem sabe, existem inúmeros exemplos de grandes nomes que foram criticados e tidos como casos perdidos. Einstein, Beethoven, Tesla e Darwin são alguns exemplos disso.
Recentemente, descobri outro exemplo bem curioso numa crítica publicada na Rolling Stone, na década de 70:
“As músicas do Led Zeppelin são tão efêmeras quanto os quadrinhos da Marvel.” (Rolling Stone, Lester Bangs, 1970)
(Embora tenha errado no adjetivo, podemos concordar que nosso amigo Lester Bangs acertou na comparação.)
Isso quer dizer que a crítica é garantia de grandeza? Não. Quer dizer apenas que os críticos acertam tanto quanto erram.
Toda vez que algo é criticado é porque, de alguma maneira, chamou atenção — de forma positiva ou negativa. Se não estivermos incitando polêmicas ou trabalhando com ofensas, existe ainda outro ponto a favor: as opiniões das pessoas costumam ser bem polarizadas.
Filmes de sucesso costumam despertar opiniões extremas, do tipo “ame ou odeie”, e existe todo um fenômeno na música baseado nessa mesma ideia: os hipsters.
Quando algo é criticado — ou até mesmo odiado —, o público que gosta passa a gostar mais ainda e, assim, acabam se tornando evangelizadores.
Portanto, ao restringir sua originalidade para agradar as pessoas que poderiam criticá-lo, você acaba privando as que gostariam e precisariam do seu trabalho. Acha mesmo que vale a pena?
Então, faça o seu melhor trabalho, divulgue-o para quantas pessoas puder e na próxima vez que receber uma crítica, faça uma auto-avaliação sincera. Envolve algo que faz sentido você mudar para melhor?
Nessas situações, precisamos de humildade para entender onde podemos evoluir. Mas também de uma certa arrogância — para confiar no próprio taco e dizer:
Meu trabalho não é para todo mundo.
No final das contas, o trabalho que não merece críticas também não merece ser aclamado.
E o papel do Marketing, ao espalhar ideias, não deve ser de convencer ou ludibriar pessoas a consumir seu produto. Mas sim, encontrar as pessoas que precisam dele.
“To be nobody but yourself, in a world which is doing its best — night and day — to make you somebody else, means to fight the hardest battle which any human being can fight; and never stop fighting. (Hunter S. Thompson)”