Dimitri Vieira

A Síndrome do Impostor para Escritores e a cura para colocar suas ideias no papel

Síndrome do impostor para escritores

Você já se sentiu como uma fraude ou teve a sensação de não ser um escritor de verdade? Eu, com certeza.

Também existe o receio constante de as pessoas não estarem dispostas a ler o que escrevo e a sensação de que estou apenas desperdiçando meu tempo.

Aliás, só de ver a palavra “escritor” no título, me vejo sob um ataque da síndrome.

Seria eu mesmo a pessoa certa a escrever sobre este assunto? Não seria melhor que ele fosse assinado por um “verdadeiro escritor”? Daqueles que têm livros publicados, ou melhor, best-sellers publicados — embora continuem a se ver como fraudes.

O dilema começa na apresentação: redator ou escritor?

Prestes a completar dois anos como “produtor de conteúdo”, ainda não me sinto à vontade em abraçar o título de escritor. Prefiro me apresentar disfarçando-o num verbo, ao dizer que “trabalho com escrita criativa”, ou como “redator” — para simplificar.

Afinal, se me apresentar como escritor, é uma mera questão de tempo até a polícia da fraude bater na minha porta para me acusar e me desmascarar.

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E se você acredita que publicar um livro será a solução para vencer a Síndrome do Impostor, não é bem assim que funciona. Vários escritores consagrados continuam convivendo com ela — entre eles, Maya Angelou, Neil Gaiman e Brené Brown.


“Eu escrevi onze livros, mas toda vez eu penso ‘uh oh, eles vão descobrir agora. Eu iludi todo mundo e eles vão descobrir dessa vez’.”

— Maya Angelou


Por que a Síndrome do Impostor afeta tanto os escritores?

De acordo com o psicólogo Joseph Cilona, a síndrome do Impostor prospera no isolamento. E se existe uma característica comum entre escritores, redatores e produtores de conteúdo, é justamente o fato de tralharmos isolados na maior parte do tempo.

Por um lado, não temos ninguém acompanhando o progresso antes de finalizarmos e publicarmos nosso trabalho, que será julgado por inúmeros estranhos.

Do outro lado, também não acompanhamos o progresso dos verdadeiros escritores que tomamos como referência e tanto invejamos. Vemos apenas o resultado final: os textos impecáveis que jamais seremos capazes de escrever.

Então, quando nos sentamos para escrever o primeiro rascunho e não ficamos satisfeitos com o que produzimos, somos amadores.

Isso porque criamos parâmetros desleais de comparação. Como não acompanhamos todo o processo de nossas referências, a sensação que fica é que o texto não exigiu grandes esforços — embora possa ser o resultado de várias semanas de trabalho.

Como seguir escrevendo, mesmo que você se sinta uma fraude


“Alguns anos atrás, tive a sorte de ser convidado para um encontro que reunia grandes nomes: artistas, cientistas escritores e descobridores de coisas. E senti que, a qualquer momento, eles perceberiam que eu não estava qualificado para estar lá, entre as pessoas que realmente fizeram as coisas.

Na minha segunda ou terceira noite lá, eu estava de pé no fundo do salão, enquanto acontecia um entretenimento musical, e comecei a conversar com um senhor muito gentil, educado e idoso.

Então ele apontou para o salão cheio de pessoas e disse: ‘Eu apenas olho para todas essas pessoas e penso: que diabos estou fazendo aqui? Eles fizeram coisas incríveis. Eu apenas fui aonde fui enviado.’

E eu disse: ‘Sim. Mas você foi o primeiro homem na lua. Eu acho que isso conta para alguma coisa.’ — e me senti um pouco melhor. Porque se Neil Armstrong se sentia um impostor, talvez todos também se sintam.”

— Neil Gaiman

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Neal Stephenson, Neil Armstrong e Neil Gaiman.


Se pessoas como Neil Gaiman e Neil Armstrong não superaram a Síndrome do Impostor, o primeiro passo é aceitá-la como algo natural e admitir que você se sente como uma fraude.

Se você leu até aqui, fique à vontade para riscar o primeiro item de sua checklist.

E algumas outras dicas que vão te ajudar são:

1. Conviva com outros escritores

Somos uma grande comunidade de medrosos impostores. Então, conviver com outros escritores vai te ajudar a entender que você não é o único que enfrenta esse desafio diariamente.

Seja no meio online, seja no offline, esse convívio possibilita que você acompanhe mais de perto o processo de outros escritores. Além de abrir um canal de feedbacks entre vocês, tanto para receber críticas sobre seus textos, quanto para opinar sobre os conteúdos de seus colegas.

E se quiser um exemplo de como essa influência pode trazer resultados fantásticos, basta se lembrar da relação entre J. R. R. Tolkien, autor da trilogia Senhor dos Anéis, e C. S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia:


“Por muito tempo ele (C. S. Lewis) foi meu único público. Apenas a partir dele tive noção de que meu ‘material’ poderia ser mais que um passatempo particular. Se não fosse por seu interesse e avidez incessante por mais, eu jamais teria concluído o Senhor dos Anéis.”

— J. R. R. Tolkien


2. Abrace tanto as críticas quanto os elogios

Quando recebemos feedbacks, o que costuma acontecer é não nos apegarmos tanto aos elogios, mas às críticas, sim — por mais que ocorram mais retornos positivos.

Afinal, como fraudes que somos, os elogios e o sucesso são resultados da sorte — não do nosso esforço e talento. Enquanto as críticas, essas sim, dizem respeito ao nosso trabalho.

Então, aprenda a escutar os dois lados. Por mais motivacional que possa soar, suas pequenas vitórias e elogios recebidos são méritos seus, sim — às vezes até mais que os comentários negativos.

Lembre-se também de que os críticos acertam tanto quanto erram. Como exemplo, basta lembrarmos da seguinte afirmação feita na aclamada revista Rolling Stone:


“As músicas do Led Zeppelin são tão efêmeras quanto os quadrinhos da Marvel.”

— Lester Bangs, Rolling Stone, 1970


3. Esqueça o perfeccionismo

Quando nos sentamos diante do teclado e do monitor ostentando uma página em branco, nosso objetivo é nos posicionarmos como especialistas. Então, a pesquisa precisa ser a mais completa e extensa o possível.

Uma única lacuna nas informações é o suficiente para um possível leitor surgir com uma dúvida ou informação capaz de nos desmascarar.

Mas, na verdade, a grande maioria dos leitores estão interessados unicamente no que você sabe e tem a compartilhar, para que possam aprender.

Ou seja, não costuma ter ninguém investigando os detalhes para encontrar possíveis deslizes seus. Bom, ninguém além de você mesmo.


“(Termos como) Perfeito e à prova de balas são sedutores, mas não existem na experiência humana.”

— Brené Brown


4. Deixe de ser egoísta

Cada vez que você se censura, adia ou evita fazer uma publicação por causa da Síndrome do Impostor, você não está apenas escapando das críticas.

Também está privando pessoas que gostariam de aprender com você e suas ideias de conhecer seu trabalho.

Vale mesmo abrir mão disso pelo medo irracional de ser desmascarado?


Originalmente publicado no blog da Comunidade Rock Content.



Um convite para você que leu até aqui

Como comentei com você no começo, este texto é uma versão adaptada e bastante reduzida do roteiro que criei para uma aula do curso de Escrita Criativa e Storytelling.

Nesse momento, as inscrições para a 9ª turma do curso estão abertas. A última vez em que abri as inscrições para o curso foi em maio de 2021 e ainda não tenho uma previsão exata de quando será a 10ª.

Assim como nas 8 turmas anteriores, as vagas são limitadas. Para a 9ª turma, são apenas 60 vagas e, assim que chegarmos em 60 pessoas, as inscrições serão desabilitadas.

Se você quer aprender como colocar sua voz em seus textos e escrever conteúdos mais autênticos, para prender a atenção de seus futuros leitores da primeira até a última palavra, a hora é essa.

Para conferir todas as informações sobre o curso e fazer sua inscrição, é só clicar aqui.

Caso queira conferir a opinião de alguém que participou de alguma das turmas anteriores, a mensagem da Lori é a mais recente que recebi:


“É um curso de escrita, mas também traz dicas preciosas para quem escreve para a Internet. No meu caso, me ajudou a definir um estilo e a organizar melhor minhas ideais. Com isso, consegui alterar a minha maneira de escrever para uma melhor experiência do usuário. Além disso, o Dimitri é atencioso e um professor dedicado. Obrigada pelas dicas e pelo apoio (dentro e fora do curso).”

— Lori Sato (Redatora | Falo sobre escrita e Marketing Digital | Escrevo contos)

Dimitri Vieira

Sou um escritor e produtor de conteúdo, especializado em Escrita Criativa, Storytelling e LinkedIn para Marcas Pessoais. Minhas maiores paixões sempre foram a música, o cinema e a literatura. Escrevendo textos na internet, consegui unir o melhor desses três universos, e o que era um hobby acabou me transformando em LinkedIn Top Voice e, hoje, se tornou minha profissão.

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