Apesar das dicas para superar um bloqueio criativo serem um tema óbvio para alguém que fala sobre escrita, evitei falar sobre ele até hoje porque tenho uma certa teoria.
Depois de acompanhar alguns escritores e criadores de conteúdo se aprofundarem em como superar o bloqueio criativo, minha teoria é que eles próprios nunca o superaram.
Neste limbo de dicas para superar o bloqueio, estão várias dicas que você provavelmente já conhece: leia mais, faça exercícios, escute podcasts, faça pausas, anote para não esquecer, e por aí vai.
O que não encontramos nesse limbo são os textos e livros que, em algum momento, nos inspiraram a encarar uma página em branco e compartilhar nossas ideias pela primeira vez.
O Charles Bukowski, por exemplo, disse certa vez que escrever sobre o bloqueio criativo é melhor que não escrever nada. Mas, se não fosse por livros como “Misto-quente” e “Mulheres”, ele jamais seria uma referência na escrita para mim.
E se você quer saber porque decidi escrever sobre o bloqueio criativo agora, são basicamente dois motivos.
O primeiro é que este texto nasceu do roteiro que preparei para uma aula do curso de Escrita Criativa e Storytelling, mas te conto mais sobre isso no final.
O segundo, e mais importante, é que nós já cobrimos as dicas mais clichês ali em cima, no terceiro parágrafo, e ainda tenho algo a dizer.
A Lei de Strummer
Batizada em homenagem a Joe Strummer, eterno vocalista e guitarrista do The Clash, a Lei de Strummer diz o seguinte: No input, no output — sem entrada, sem saída.
Ela diz de forma resumida algo bem óbvio e que insistimos em esquecer às vezes. No fim das contas, o que escrevemos e produzimos é sempre uma função do que consumimos.
Por isso, na grande maioria das vezes, conteúdos sobre bloqueio criativo te ajudam mais a falar sobre o bloqueio em si, do que a superá-lo.
Então, se você vem adiando ler algo de sua escritora preferida (ou autor preferido), mas clicou correndo neste artigo para entender como superar o bloqueio criativo, vou dizer algo um pouco inusitado de se encontrar em redes sociais.
Não leia este artigo até o final. Pode fechá-lo agora mesmo e focar no que mais interessa. Depois você volta e me agradece por isso.
Já foi lá e voltou? Ou insistiu a ler o texto mesmo assim?
De qualquer forma, acredito que o próximo passo é:
Declare guerra contra o piloto automático
Muitas coisas podem te travar na hora de escrever, mas uma das mais fáceis de se prever é o piloto automático.
Entre numa rotina que uma semana parece sempre uma cópia da semana anterior e é questão de tempo até as ideias secarem.
Até faz sentido pensarmos naquelas atividades clichês do terceiro parágrafo.
Porém, o ponto-chave é tomar cuidado com a mesmice — ou marasmo, como preferir. Se as grandes histórias nascem a partir da mudança, quando rompemos com o status-quo, as grandes ideias surgem da mesma forma.
Seja observador, tanto na vida, quanto nas redes sociais e fique de olho em tendências e comportamentos que fazem sentido trazer em seus conteúdos.
Outro ponto crucial é, ao ler um texto, ler um livro ou ver um filme, não procure por insights.
Quando fazemos isso, trocamos a posição de interlocutor pela de pesquisador de “palavras-chave” ou “tópicos-chave”.
Isso até pode gerar ideias de conteúdos, mas, trocamos a experiência com a obra por uma busca desenfreada do que podemos falar que aprendemos com ele.
Encare sua rotina como parte do trabalho
No fim das contas, o bloqueio criativo costuma vir acompanhado de uma sensação de sobrecarga, que pode ser fatal para a escrita.
Você deixa de escrever por estar sobrecarregado e, logo, fica ainda mais sobrecarregado por não escrever nada. Isso vira uma bola de neve e, para evitar o bloqueio, a meta é justamente não deixar que ela comece a se formar.
Sabe aqueles momentos de ócio e lazer em que suas melhores ideias geralmente surgem?
Quando ficamos sobrecarregados por conta do trabalho, geralmente são essas as primeiras atividades que cortamos do dia a dia.
Então, além de encaixar algumas quebras no piloto automático, faz total diferença encará-las como parte do trabalho criativo — em vez de apenas parte da rotina alheia ao trabalho.
É só matar esses momentos e, em poucas semanas, estamos de volta ao piloto automático.
Respeite seu tempo e cuidado para não se cobrar demais
Numa entrevista à WNYC, o escritor David Foster Wallace resumiu perfeitamente a tragédia que o perfeccionismo pode causar a um escritor:
“Se a sua fidelidade ao perfeccionismo for grande, você nunca fará nada (…) É trágico porque você sacrifica o quanto sua ideia é linda e perfeita em sua cabeça pelo que ela realmente é.”
— David Foster Wallace
Muitas vezes, a melhor cura para o bloqueio é se permitir frustrar suas próprias expectativas. É entender que nem sempre faremos o nosso melhor trabalho de todos, ou escrever melhor texto.
Algumas vezes, uma ideia incrível surge do nada durante o café da tarde.
Outras, nem tanto. Você acaba falando sobre bloqueio criativo e tudo certo, fica para a próxima. Só não vale a pena deixar de escrever — tomando também os devidos cuidados com o limbo do bloqueio criativo.
Um convite para você que leu até aqui
Como comentei com você no começo, este texto é uma versão adaptada e bastante reduzida do roteiro que criei para uma aula do curso de Escrita Criativa e Storytelling.
Nesse momento, as inscrições para a 9ª turma do curso estão abertas. A última vez em que abri as inscrições para o curso foi em maio de 2021 e ainda não tenho uma previsão exata de quando será a 10ª.
Assim como nas 8 turmas anteriores, as vagas são limitadas. Para a 9ª turma, são apenas 60 vagas e, assim que chegarmos em 60 pessoas, as inscrições serão desabilitadas. No exato momento em que escrevo isso, são 11:51 do dia 15/09 e restam 11 vagas.
Se você quer aprender como colocar sua voz em seus textos e escrever conteúdos mais autênticos, para prender a atenção de seus futuros leitores da primeira até a última palavra, a hora é essa.
Para conferir todas as informações sobre o curso e fazer sua inscrição, é só clicar aqui.
Caso queira conferir a opinião de alguém que participou de alguma das turmas anteriores, a mensagem da Lori é a mais recente que recebi:
“É um curso de escrita, mas também traz dicas preciosas para quem escreve para a Internet. No meu caso, me ajudou a definir um estilo e a organizar melhor minhas ideais. Com isso, consegui alterar a minha maneira de escrever para uma melhor experiência do usuário. Além disso, o Dimitri é atencioso e um professor dedicado. Obrigada pelas dicas e pelo apoio (dentro e fora do curso).”
— Lori Sato (Redatora | Falo sobre escrita e Marketing Digital | Escrevo contos)